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A desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado.
As chamadas fake news tornaram-se um problema global, intensificado pela expansão das redes sociais e pela digitalização, influenciando eleições, mercados financeiros e a reputação de pessoas e instituições. No entanto, a desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado – fenómenos amplamente estudados, por exemplo, na avaliação de testemunhos em contextos judiciais ou de investigação. Ao passo que, em princípio, as notícias falsas podem ser verificadas – ainda que, frequentemente, depois de já terem causado danos –, as falsas memórias são não intencionais e, portanto, mais difíceis de detetar e corrigir.
A informação falsa e as falsas memórias acabam por ser duas faces da mesma moeda. Em conjunto, representam um risco significativo para a capacidade humana de perceber a realidade e tomar decisões fundamentadas. E os mecanismos psicológicos através dos quais isso acontece são conhecidos: a repetição de informações falsas aumenta a sensação de plausibilidade e facilita a criação de memórias falsas; o chamado efeito de “verdade ilusória” leva-nos a acreditar mais em algo quanto mais vezes o ouvimos, mesmo que isso seja desmentido; e a familiaridade torna mais fácil partilhar notícias falsas. Não estamos a falar de ações intencionais ou dolosas, mas sim de processos que podem ser automáticos.
Algumas características individuais também influenciam a formação de falsas memórias. Por exemplo, quando as pessoas já apresentam mais crenças conspiratórias ou têm congruência ideológica com a informação falsa que está a ser partilhada, há também maior probabilidade de “recordarem” acontecimentos falsos. No fundo, recordam-se de coisas que não existiram, mas que confirmam a sua forma de pensar.
Dificuldades ao nível da capacidade de raciocínio analítico e da inteligência verbal também se associam a maior suscetibilidade à desinformação. Uma meta-análise recente sobre o impacto das notícias falsas na formação de falsas memórias revelou resultados que ilustram bem a natureza desta problemática: 40,5% dos participantes relataram pelo menos uma falsa memória após exposição a múltiplas notícias falsas, enquanto 60,9% acreditaram em pelo menos uma notícia falsa. Aquele trabalho também mostrou que notícias verdadeiras tendem a ser mais bem recordadas, especialmente por pessoas com maior conhecimento e interesse no assunto. Além do conhecimento e interesse, a capacidade de raciocínio analítico surge também como fator protetor.
Estas evidências reforçam a importância de desenvolver hábitos conscientes de verificação antes de acreditar ou partilhar informações, por exemplo, que são lançadas em redes sociais: parar, refletir e confirmar fontes credíveis. Pequenos lembretes sobre a veracidade da informação podem melhorar significativamente a capacidade de distinguir o que é falso.
Em tempos de intensa desinformação, desconfiar do que é lançado nas redes de comunicação e procurar confirmação em fontes isentas torna-se essencial para preservar a nossa memória e a nossa percepção da realidade. Mas também para preservar a nossa saúde mental, a liberdade e a própria democracia.
A desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado.
Como país, enquanto não formos eficientes e articulados nesta missão, por muito que se reforcem condições de tratamento continuaremos a lamentar-nos pela “elevada prevalência de perturbações psicológicas no nosso país”.
Num mundo onde muitas das profissões do futuro ainda nem existem, e em que a ideia de “curso com saída” perdeu sentido face à rapidez com que tudo muda, uma carreira só é verdadeiramente bem-sucedida quando está alinhada com a identidade, os valores e as motivações de cada um.
Há necessidade de mais literacia e capacidade de auto-regulação, para que os indivíduos sejam capazes de utilizar determinadas ferramentas. Mas também precisamos de regulação das plataformas.
Esta medida tem uma natureza complementar, devendo ser acessória ao que realmente importa e que é aquilo que a OPP defende: a existência, de base, de serviços de psicologia bem estruturados e com recursos nas instituições de ensino superior.
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A desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado.
Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.
A mudança do Chega sobre a reforma laboral, a reboque do impacto da greve, ilustra como a direita radical compete com as esquerdas pelo vasto eleitorado iliberal na economia.