Madeirenses voltaram a dar uma vitória ao líder do PSD/Madeira, com um resultado expressivo. Nem as suspeitas de corrupção, nem a instabilidade política o impediram de ter o maior número de votos desde a sua primeira eleição, há uma década
Miguel Albuquerque falhou a maioria absoluta, neste domingo, 23, por uma unha negra, que é como quem diz por apenas um deputado. Todavia,teve o maior número de votosdesde que foi eleito presidente do Governo Regional da Madeira, em 2015. Imune (ou quase) a escândalos de corrupção, aos pedidos de substituição... comemora este ano uma década à frente do Executivo, tendo ficado a apenas 300 votos da maioria absoluta. Como ele aqui chegou e ficou.
2015. "Os renovadinhos"
GREGÓRIO CUNHA/LUSA
Seis candidatos a um osso podiam ter conduzido o PSD Madeira a um clima de instabilidade interna, em 2014, mas Miguel Albuquerque em rutura com o jardinismo, e representante de um grupo a quem os apoiantes de Alberto João Jardim apelidaram de "os renovadinhos", sobrepôs-se e projetou-se como a nova vida do partido no arquipélago. No ano seguinte, Albuquerque chega, pela primeira vez, à presidência do Governo com uma maioria absoluta confortável.
2019. A ameaça Cafôfo
Nas eleições seguintes, a dificuldade cresce. O socialista Paulo Cafôfo testa a fórmula que levou Albuquerque ao poder e usa como rampa de lançamento a câmara do Funchal para ganhar projeção. O PS mais do que triplicou os votos em relação às últimas regionais, ainda que o PSD vença ofegante. É a primeira vez, em 43 anos, que os sociais democratas perdem a maioria absoluta na Madeira... e Albuquerque vê-se obrigado a negociar com o CDS para garantir os quatro anos seguintes.
2023. Investigação não belisca
Em março de 2021, a SÁBADO dava a notícia de que Albuquerque estava sob investigação por causa da venda da sua propriedade na Quinta do Arco ao Grupo Pestana, ao qual renovou (sem qualquer concurso) a concessão da Zona Franca da Madeira, em aparente violação das normas europeias. Ainda assim, as suspeitas neste processo não lhe custam a eleição seguinte, em 2023.
A coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições, conquistando 23 parlamentares dos 24 que seriam necessários para atingir a maioria absoluta. No rescaldo da noite eleitoral promete apresentar "condições para governar com maioria absoluta em estabilidade, sendo certo que dessa coligação está excluído o Chega". Não conseguirá, no entanto, cumprir a referência à estabilidade.
2024. O ano da crise
Albuquerque é constituído arguido num processo de suspeitas de corrupção e abuso de poder, que levou à demissão do presidente do Governo e a eleições antecipadas em maio, depois de o PAN retirar o apoio que permitia suportar a coligação no poder. Apesar do clima de acusações, Albuquerque vence e mais uma vez não tem maioria (fica apenas com 19 deputados, mais dois do CDS).
O ano termina como começou, com uma crise política e uma moção de censura ao executivo minoritário, apresentada pelo Chega, que volta a ditar a queda do governo. PS, JPP e Chega unem-se para fazer passar esta moção no parlamento regional.
2025. Reforçado
Albuquerque ganha novamente e saiu inclusive reforçado, nas eleições de domingo. Obteve 43,43% dos votos e precisa de apenas um deputado para chegar à maioria. O que não configura sequer uma dificuldade, visto que tanto o CDS como a IL estão interessados em viabilizar este governo.
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O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.