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Zelensky leva a cabo purga entre altos funcionários ucranianos

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 24 de janeiro de 2023 às 12:13
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O vice-procurador-geral, o vice-chefe do gabinete do presidente e os vice-ministros dos Ministérios da Defesa, das Comunidades e do Desenvolvimento dos Territórios estão entre os demitidos.

Vários altos funcionários ucranianos renunciaram os seus cargos esta terça-feira, naquela que é a maior mudança de liderança ucraniana desde que a invasão russa começou, há precisamente 11 meses. Algumas destas renúncias estão ligadas a casos de suspeitas de corrupção, pelo que um dos assessores do presidente, Volodymyr Zelensky, considerou o fenómeno como uma resposta aos apelos públicos por "justiça".

Stephanie Lecocq/Pool via REUTERS

A Ucrânia tem um longo historial de corrupção e governação instável, por isso à medida que se tenta aproximar da União Europeia e do Ocidente no geral aumenta também a pressão internacional para que o país torne as suas estruturas de governação mais confiáveis.

No seu discurso diário, Zelensky referiu que nos próximos dias "vários funcionários dos ministérios e de outras estruturas do governo central, bem como nas regiões e na aplicação da lei" vão ser afastados.

Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano fez uma publicação noTwitteronde afirmou: "O presidente vê e ouve a sociedade. Ele responde diretamente a uma demanda pública importante – justiça para todos".

O vice-procurador-geral, o vice-chefe do gabinete do presidente e os vice-ministros dos Ministérios da Defesa, das Comunidades e do Desenvolvimento dos Territórios estão entre os demitidos.

Shapovalov, vice-ministro da Defesa, considerou a sua renúncia como uma "ação digna" com vista a manter a confiança no cargo depois de ter sido acusado de corrupção, apesar de tanto ele como o ministério rejeitarem as acusações.

A procuradoria anunciou que o vice-procurador-geral Oleksiy Symonenko tinha sido destituído do cargo, mas não foram apresentados motivos. Oleksiy Symonenko foi criticado pelos meios de comunicação locais por ter ido de férias para Espanha num momento em que o seu país vive em guerra e que os homens com mais de 18 anos estão proibidos de abandonar o país.

No seu discurso, Zelensky não referiu nomes mas anunciou que a partir de agora todos os altos funcionários ficam proibidos de tirar férias no estrangeiro: "Ignorar a guerra é um luxo que ninguém pode pagar. Se quiserem descansar vão descansar fora do serviço público".

Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe de gabinete do gabinete do presidente da República, anunciou a sua própria renúncia, sem dar mais pormenores. Kyrylo Tymoshenko foi o responsável pela campanha eleitoral de Zelensky.

Vyacheslav Negoda, vice-ministro do Desenvolvimento dos Territórios, e Ivan Lukerya, vice-ministro das Comunidades, são as mais recentes baixas no executivo. Ambos utilizaram a sua página do Facebook para confirmarem as demissões mas não deram mais pormenores sobre os motivos.

Estas mudanças ocorrem dois dias depois de o vice-ministro das Infraestruturas ter sido detido e acusado de desviar cerca de 400 mil euros destinados à compra de geradores. Um dos primeiros grandes escândalos de corrupção desde o início da guerra na Ucrânia.

Este é um raro abalo na liderança de Zelensky, que desde que a guerra começou manteve a sua equipa, maioritariamente constituída por novatos políticos que chegaram aos cargos públicos no momento em que o ator foi eleito em 2019.

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