No final da noite de segunda-feira apesar do ar satisfeito dos envolvidos, não houve verdadeiros avanços. Quer em relação à segurança da Ucrânia quer com vista a um acordo de paz.
Donald Trump recebeu na Casa Branca o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e vários líderes europeus, entre os quais o secretário-geral da NATO, para planear os próximos passos em relação à guerra na Ucrânia. Estes encontros sucederam-se à cimeira de sexta-feira no Alasca com Vladimir Putin.
Trump encontra-se com Zelensky e líderes europeus para discutir segurança e paz na UcrâniaAP Photo/Alex Brandon
No final do encontro ficaram algumas intenções no ar: de garantir a defesa da Ucrânia numa espécie de coligação à la NATO, sem ser a NATO, e uma possível futura reunião entre Putin e Zelensky, algures nas próximas duas semanas.
Eis quatro pontos-chave destas negociações:
Vêm aí um encontro entre Zelensky e Putin?
No fim de todas as reuniões, Donald Trump escreveu na sua rede social (Truth Social) que tinha telefonado a Putin para começar a preparar um encontro entre ele e o presidente ucraniano. Adiantando ainda que depois desse encontro bilateral, se seguiria um trilateral com os dois líderes em conflito e o próprio Donald Trump.
Soube-se depois, através de um conselheiro de Putin que a conversa entre os dois líderes demorou 40 minutos, refere a BBC. Mas, segundo o assessor de política externo de Putin, Yuri Ushakov, citado pelo New York Times, a conversa entre os dois foi "franca e muito construtiva", o que pode significar que os dois lados não estavam plenamente de acordo, já que o uso da expressão "franca" em diplomacia normalmente tem esse significado.
Sabe-se que Putin não considera Zelensky o líder legítimo ou um seu igual, pelo que pode não querer encontrar-se diretamente com ele.
Líderes europeus apareceram como frente unida
O chanceler alemão, Friedrich Merz, começou por argumentar que era necessário um cessar-fogo antes de se avançar com as negociações com a Rússia. Algo que Trump diplomaticamente rejeitou: "Não acho que isso seja necessário."
Já perante a desconfiança de Emmanuel Macron em relação às intenções de Putin - "Não estou convencido que o presidente Putin também queira a paz" - a resposta acabaria por surgir quando os microfones já estavam desligados. Trump disse-lhe: "Acho que ele quer fazer um acordo. Acho que ele quer um acordo por minha causa. Compreende isso? Por mais louco que possa parecer."
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“Acho que ele [Putin] quer fazer um acordo por mim”: Trump apanhado em conversa com Macron após reunião com Zelensky
Apesar das opiniões divergentes, não houve desentendimentos como o que levou Zelensky a abandonar a Casa Branca abruptamente em fevereiro. Todos parecem estar de acordo com a necessidade de uma reunião bilateral entre os líderes russo e ucraniano. Para descortinar ficam ainda as bases das garantias de segurança para Kiev e a necessidade de ceder ou não território ucraniano.
As garantias de segurança
O presidente norte-americano foi vago neste ponto. O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou depois do encontro, em entrevista à Fox News, que os Estados Unidos se envolverão num esforço de cerca de 30 países para garantir a segurança da Ucrânia no quadro de um acordo de paz com a Rússia. Porém, na sua mensagem na Truth Social, Trump escreveu que foram discutidas "garantias de segurança para a Ucrânia, que serão garantidas pelos vários países europeus, com a coordenação dos EUA". Aos jornalistas disse apenas que os EUA iriam "ajudar" os ucranianos. "A Europa é a primeira linha de defesa, mas vamos estar envolvidos", afirmou.
Os líderes europeus queriam um compromisso de garantias de segurança semelhantes ao artigo 5º da NATO, segundo o qual um ataque a um estado membro significa um ataque a todos os estados. Assim, um ataque Ucrânia, seria um ataque a todos os países da NATO.
Zelensky foi questionado sobre que garantias queria e responde: "Todas". Na conferência de imprensa, o presidente ucraniano indicou que parte dessas garantias iam envolver um acordo entre os EUA e a Ucrânia de 90 mil milhões de dólares em armas. Armamento como sistemas de aviação e anti-míssil que, neste momento, Kiev não tem.
A operação de charme de Zelensky
Depois do encontro desastroso de fevereiro, Volodymyr Zelensky preparou-se para agradar aos americanos. Acusado por JD VAnce de nunca ter agradecido aos EUA, os primeiros minutos em que chegou à Casa Branca ficaram marcados por seis "obrigados".
Outro dos pontos da sua primeira visita foi não ter ido de fato. Desta vez apareceu de fato preto - sem gravata - o que levou Trump a dizer-lhe que estava "todo aperaltado hoje".
Zelensky aproveitou também para estreitar laços com a família presidencial norte-americana Entregou uma carta a Trump dizendo-lhe: "Não é para si - é para a sua mulher". A missiva vem da primeira dama ucraniana, Olena Zelenska, e dirige-se a Melania Trump.
Também os líderes europeus elogiaram Trump. O secretário-geral da NATO (que já noutras ocasiões elogiou publicamente o republicano) aproveitou para "agradecer a sua liderança". E a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, saudou o facto de se dever a Trump a mudança da Rússia em relação a um acordo de paz.
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O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.