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Nobel da Paz, figura central da diplomacia dos Estados Unidos e estratega político de várias guerras, Kissinger foi uma das figuras mais controversas do século XX. Herói, ou vilão, foi incontornável. Morreu aos 100 anos.
Morreu Henry Kissinger, aos 100 anos. O conselheiro para segurança nacional dos Estados Unidos e conselheiro de Richard Nixon continuava a trabalhar, tendo visitado reccentemente a China de Xi Jinping. Kissinger, que acompanhou - e liderou - a política externa dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, morreu esta quarta-feira na sua casa em Connecticut, adiantou a sua empresa de consultoria.
REUTERS/Kevin Lamarque/File Photo
Kissinger serviu como assessor de Segurança Nacional e secretário de Estado de Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977). Durante este período foi instrumental na aproximação entre os Estados Unidos e a China, tendo sido responsável por preparar a visita histórica de Nixon à China, em 1972. Este encontro serviu como trampolim para a abertura da economia chinesa a partir da década de 70 e que permitiu que o gigante asiático chegasse a ser a segunda maior economia do mundo (estando apenas atrás dos EUA).
Kissinger continuou a ir à China ao longo dos anos, reunindo várias vezes com Xi Jingping.
Mas Kissinger esteve longe de ser consensual. O jornalista Christopher Hitchens acusou-o de vários crimes de guerra e até crimes contra a humanidade. O jornalista William Shawcross disse que foi Kissinger que orquestrou os bombardeamentos do Camboja que terão servido de gatilho para a tomada de poder por Pol Pot e os seus Khmer Vermelho.
Nascido em maio de 1923, na Alemanha, Kissinger pertencia a uma família judia que fugiu do Terceiro Reich em 1938. O pai de Kissinger tinha sido despedido do seu emprego como professor e Henry foi banido da sua universidade por ser judeu. Emigram para Nova Iorque onde Henry estuda contabilidade.
Poucos anos depois é recrutado pelo exército norte-americano e destacado para a Alemanha. Regressado da guerra, onde lhe valeram os seus conhecimentos da língua e de conhecimentos na sociedade, Kissinger estuda em Harvard História e Ciência Política. Aí se doutorou e começou a dar aulas. A sua tese de doutoramento, sobre estabilidade internacional, tornou-se um marco na altura, bem como alguns ensaios que foi publicando, como "Nuclear Weapons and Foreign Policy" que contradizia a doutrina de "retaliação massiva" em caso de ataque nuclear.
Em 1968, o presidente Richard Nixon nomeia o professor de Harvard como diretor do Conselho de Segurança Nacional. Ambos consideravam que os EUA deviam desempenhar um papel de mediador internacional.
Em 1971, faz duas viagens históricas a Pequim para encetar conversações com Zhou Enlai, o primeiro-ministro chinês que exige que Washington reconheça Taiwan como parte integrante da República Popular da China. Kissinger tinha como missão conseguir que Pequim pedisse aos vietnamitas que negociassem a paz (a guerra alastrava-se desde 1955). Nas negociações, Kissinger aceita retirar a maior parte das forças militares americanas estacionadas na ilha e a pôr termo ao apoio militar concedido a Taipei quando a guerra do Vietname chegasse ao fim.
Um ano depois, Nixon aterra na China e encontra-se com Mao Tsé-Tung naquele que é considerado um dos momentos políticos mais importantes da segunda metade do século XX.
Papel na guerra do Vietname
Durante a campanha presidencial de 1968, Nixon prometeu pôr fim à guerra do Vietname. Em 1967, Kissinger assume-se como mediador entre Washington e Hanói. Preparando a ofensiva Tet de janeiro de 1968, os comunistas vietnamitas inviabilizam a iniciativa de paz de Kissinger. Quando assume o cargo de diretor do Conselho de Segurança Nacional, Kissinger propõe-se celebrar um cessar-fogo que permita a retirada das tropas americanas do Vietname do Sul. Ao mesmo tempo, para enfraquecer os combatentes comunistas do Vietcong, Kissinger e Nixon dão luz verde ao bombardeamento do Laos e do Camboja, por onde passam as armas que chegam à guerrilha vietnamita. A decisão fortalece os Pathet Lao e os Khmer Vermelhos de Pol Pot.
É esta a decisão que valeu a Kissinger as duras críticas de Hitchens no livro intitulado The Trial of Henry Kissinger(O Julgamento de Henry Kissinger).
Mas a verdade é que as negociações entre Kissinger e Le Duc Tho, o interlocutor norte-vietnamita, para conseguirem a paz valeu-lhes o Nobel da Paz de 1973. A guerra duraria ainda mais dois anos e terminaria com a vitória de Pol Pot e dos Pathet Lao.
O capítulo português
Com a queda do Estado Novo, Kissinger temia que a entrada do PCP no governo provisório viesse a legitimar os partidos comunistas em França, Espanha e Itália.
Encontrou uma barreira em Frank Carlucci, o embaixador americano destacado para Lisboa, que usa o seu acesso direto a Donald Rumsfeld – o chefe de gabinete do presidente Ford – para marginalizar Kissinger.
A mesma lógica de contenção do comunismo leva Henry Kissinger a apoiar a invasão indonésia de Timor Leste. Reunido com Ford e Kissinger, Suharto, o homem-forte da ditadura militar, dá-lhes nota dos seus planos para invadir Timor e, assim, afastar os marxistas da Fretilin do poder. Por sua vez, os americanos deixaram claro que a ação militar contemplada por Suharto não perturbaria as relações bilaterais. Clarificada a situação, Suharto, no dia 7 de dezembro de 1975, ordena a invasão e a posterior anexação de Timor. Jacarta nunca deixou de receber armas e apoio diplomático de Washington.
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