Conhecido como "sombra", o irmão de Yahya Sinwar tem sido o responsável pelo recrutamento do grupo armado de Gaza nos últimos meses.
A cabeça por trás do ataque de 7 de outubro de 2023 a Israel, e um dos principais líderes do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto a 16 de outubro de 2024 pelas Forças de Defesa Israelitas (FDI). Pensava-se que o Hamas poderia ter dificuldade em substitui-lo, mas agora oThe Wall Street Journalgarante que a família Sinwar estava preparada para a sucessão e o seu irmão mais novo, Mohammed, tem estado a trabalhar para reerguer o grupo militar.
REUTERS/Mohammed Salem
A violência dos últimos quinze meses no enclave criou uma geração revoltada e pronta a ser recrutada pelo Hamas e continuar o conflito que tem dividido os israelitas e os palestinianos durante décadas. "Estamos numa situação em que a velocidade em que o Hamas se está a reconstruir é maior do que a velocidade em que as IDF os estão a erradicar", referiu Amir Avivi, um general israelita reformado: "Mohammed Sinwar está a ferir tudo".
Depois da morte de Yahya Sinwar os responsáveis do grupo, sediados no Qatar, decidiram que a organização deveria apostar numa liderança coletiva e não escolheram um novo líder. No entanto, os militares do Hamas em Gaza escolheram outro caminho e tem sido Mohammed a liderar as operações, referiram mediadores envolvidos nas discussões do cessar-fogo.
Existem poucas informações sobre Mohammed, mas os meios de comunicação internacionais referem que tem cerca de 50 anos e nasceu no campo de refugiados de Khan Yunis, no sul de Gaza. Terá sido bastante próximo do seu irmão mais velho e seguiu as suas pegadas juntando-se ao Hamas quando era bastante novo. Mantinha também grande proximidade com líder da fação armada do movimento, Mohammed Deif. Conhecido como "sombra", passou poucos anos nas prisões israelitas e sempre se manteve na retaguarda das operações do grupo apesar de ter chegado a líder da brigada de Khan Younis em 2005.
Os israelitas acreditam que foi um dos responsáveis pelo rapto de um soldado israelita em 2006, o que acabou por permitir que o seu irmão saísse da prisão cinco anos mais tarde devido a uma troca direta.
Com a morte do irmão e outros líderes do grupo tornou-se o comandante sénior com um mais elevado cargo dentro do enclave, ao lado de Izz al-Din Haddad, responsável pelo norte de Gaza.
Israel acredita que antes da guerra, o Hamas tinha cerca de trinta mil militantes organizados em 24 batalhões, numa estrutura considerada quase como um estado militar. As IDF referem que já conseguiram destruir a estrutura em que os batalhões se organizavam, tendo matado cerca de 17 mil militares e detido centenas. Já o Hamas nunca refere quantos militantes perdeu, assim como não refere o número de novos recrutas, apesar de os israelitas acreditarem que nos últimos meses centenas de novos membros estão a lutar no norte de Gaza.
As autoridades israelitas afirmam ainda que o Hamas tem tido tanta facilidade em recrutar novos membros porque promete às famílias mais comida, apoio e cuidados médicos, especialmente porque o grupo é recorrentemente acusado de roubar alguma da ajuda humanitária para os seus membros.
Depois de quinze meses de guerra e mais de quarenta mil palestinianos mortos, entre civil e militares (segundo dados do Hamas que governa Gaza), um cessar-fogo entre o Hamas e Israel tem sido cada vez mais discutido e Mohammed Sinwar já deixou clara a sua posição: "Se não for conseguido um acordo que termine com o sofrimento de todos os que vivem em Gaza e justifique o seu sangue e sacrifício, o Hamas vai continuar a lutar". Desafiando a posição do primeiro-ministro israelita que defende que as IDF devem continuar a lutar até que o Hamas esteja destruído.
O embaixador norte-americano em Israel, Jack Lew, referiu na semana passada que os Estados Unidos consideram um erro que um dos objetivos da ofensiva israelita seja a destruição do Hamas. Washington quer que Israel desenvolva um plano para a governação de Gaza sem o Hamas. No entanto, depois da tomada de posse de Donald Trump, que vai acontecer na próxima segunda-feira, é esperado que o discurso norte-americano fique mais alinhado com as posições isarelitas.
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