Sábado – Pense por si

Moçambique: Instrutores da polícia suspeitos de engravidar candidatas sob investigação

19 de agosto de 2020 às 14:35
Capa da Sábado Edição 26 de agosto a 1 de setembro
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 26 de agosto a 1 de setembro
As mais lidas

O presidente moçambicano Filipe Nyusi garante que o Estado não vai tolerar violações da disciplina na corporação.

O Presidente moçambicano disse hoje que o Governo está investigar "ao detalhe" o caso de instrutores suspeitos de engravidar candidatas a polícias na Escola Prática da Polícia, avançando que o Estado não vai tolerar violações da disciplina na corporação.

"Este caso é sério e está a ser investigado ao detalhe a nível ministerial e do comando-geral da Polícia da República de Moçambique", disse Filipe Nyusi.

O chefe de Estado moçambicano falava durante o encerramento do 40.º Curso Básico da Polícia da República de Moçambique (PRM), na Escola Prática da Polícia de Matalane, na província de Maputo.

O caso veio a público há duas semanas, quando foi divulgada nas redes sociais uma ordem do comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, para a instauração de um processo disciplinar contra instrutores da Escola Prática da Polícia de Matalane, por suspeitas de terem engravidado jovens durante a formação.

No documento, Bernardino Rafael ordenava a suspensão dos instrutores e o regresso das jovens para as suas casas, assegurando a sua reintegração no curso após o parto.

O Presidente da República revelou hoje que a investigação preliminar confirmou que 15 candidatas tiveram resultado positivo para gravidez no curso, mas esclareceu que 10 ficaram grávidas de parceiros de fora da escola e uma entrou na instituição já grávida, sendo que apenas quatro engravidaram na instituição.

"Quatro contraíram [a gravidez] na escola e as investigações decorrem para vermos se foi resultado de relações com instrutores ou com colegas", declarou Filipe Nyusi, acrescentando que "o Governo condena a violação das normas disciplinares, mas apela à sociedade para criar menos pânico e mais soluções".

O Presidente frisou ainda que o Estado moçambicano não vai tolerar situações como esta, acrescentando que a lei será cumprida caso sejam provadas as irregularidades.

"Alguns destes comportamentos foram partilhados com alguém que ficou em silêncio, foi conivente e não denunciou. Hoje toda a culpa recai sobre a escola e sobre o Estado", lamentou Nyusi, avançando que as instruendas estão a ser acompanhadas pela instituição.

O caso levantou a indignação de várias pessoas, principalmente nas redes sociais, e várias organizações da sociedade civil moçambicana têm exigido a responsabilização dos instrutores que terão supostamente engravidado as jovens candidatas.

Em declarações à Lusa na segunda-feira, o provedor de Justiça de Moçambique também lamentou o caso, exigindo a responsabilização de quem praticou aqueles atos.

"Este é um grande revés para a vida destas raparigas e para as suas famílias, que normalmente depositam esperança nos seus filhos. Acredito que muitas delas vêm de famílias pobres. É bastante lamentável porque quando isto acontece nós estamos a condicionar o futuro das meninas", declarou Isaque Chande.

Sinais do Tempo na Justiça

A maioria dos magistrados não dispõe de apoio psicológico adequado, o que resulta em inúmeros casos de burnout. Se esta estratégia persistir, a magistratura especializada comprometerá a qualidade do trabalho, sobretudo na área da violência doméstica.

Hipocrisia

Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.

Urbanista

Insustentável silêncio

Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.