Em 2015, dois irmãos ligados à al-Qaeda entraram na redação e mataram doze pessoas. Desde então, centenas morreram em ataques terroristas de radicais islâmicos em França.
França assinala esta terça-feira dez anos do ataque terrorista ao jornal satírico Charlie Hebdo, que em 2015 vitimou 12 pessoas, entre elas alguns dos cartoonistas mais amados do país, como Cabu ou Georges Wolinski.
Naquele dia, dois irmãos nascidos e criados em França e ligados ao grupo terrorista al-Qaeda entraram na redação com armas automáticas e atiraram sobre quem lá estava. O ato terrorista iniciou uma série de ataques em França e gerou debate sobre a liberdade de expressão: os atiradores disseram querer vingar a publicação pelo jornal de cartoons a representar o profeta Maomé, o que é considerado uma blasfémia pelos que seguem o Islão. A publicação tinha sido em 2006, quase uma década antes, e levou a que o nome do editor Stepháne Charbonnier fosse colocado numa lista de procurados pelo ramo da al-Qaeda no Iémen.
As mortes causaram uma onda de apoio sob a palavra de ordem Je Suis Charlie (Eu sou Charlie) e geraram o debate sobre liberdade de expressão e religião. Os atiradores foram abatidos pela polícia. Nas 48 horas que se seguiram, outro homem matou cinco pessoas num supermercado kosher, o Hyper Casher, num subúrbio de Paris. Desde então, mais de 250 pessoas foram mortas por ataques de radicais islâmicos em França.
Para assinalar os dez anos do ataque, o jornal satírico Charlie Hebdo publicou uma edição especial, em cuja capa figura um homem sentado em cima do cano de uma arma a ler o jornal, com a palavra "Indestrutível".
Increvable !
Notre numéro spécial 7 janvier de 32 pages :
Sondage Ifop : les Français sont pour la caricature Les résultats de notre concours #RireDeDieu Caricatures de Mahomet : récit d'une manipulation L'histoire des miracles de Charlie à l'usage des mécréants pic.twitter.com/wv8ETkKpML
"Hoje os valores do Charlie Hebdo - tais como humor, sátira, liberdade de expressão, ecologia, secularismo, feminismo, para nomear alguns - nunca estiveram sob tão grande ameaça", aponta Laurent Sourisseau, ou Riss, no editorial. "Se queres rir, significa que queres viver."
O Charlie Hebdo nunca deixou de ser criticado por pessoas que o consideram islamofóbico: o jornal nega, apontando que troça de todas as religiões, incluindo o catolicismo.
À Reuters, o antigo presidente francês François Hollande disse que viveu momentos que nunca esquecerá. "Tivemos que agir e fizemo-lo de forma responsável, conscientes de que não tínhamos terminado e que haveria mais tragédias. E houve."
As homenagens desta terça-feira serão lideradas por Emmanuel Macron, presidente francês, e por Anne Hidalgo, presidente da câmara de Paris. Será cumprido um momento de silêncio e depostas coroas de flores.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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