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App de corrida revela dados sobre patrulhas de submarinos nucleares de França

Atualizações feitas por soldados permitem saber duração das patrulhas de dissuasão nuclear de França. Marinha desvaloriza.

L'Île Longue, ao largo de Brest, cidade francesa na Bretanha, é o lugar que acolhe a base naval onde se encontram os quatro submarinos capazes cada um de carregar 16 mísseis balísticos nucleares e que mantêm o poder de dissuasão nuclear de França. Cada míssil tem um poder mil vezes maior que o da bomba de Hiroshima, e durante todo o ano, os submarinos têm que estar no mar, um de cada vez. Porém, surgiu um problema de segurança na forma de uma app de exercício físico, a Strava. Segundo o Le Monde, é possível acompanhar as patrulhas a partir da informação partilhada pelos soldados na app

AP Photo/Francois Mori, Pool, File

"De volta ao exercício após mais de dois meses e meio numa caixa de cócó", lê-se numa das atualizações do Strava partilhada por um dos soldados e divulgada pelo jornal Le Monde. A app permite registar a performance das pessoas, mostrando onde e por quanto tempo correram ou andaram de bicicleta. 

O jornal francês detalha que alguns militares a trabalhar na base têm perfis públicos e podem transmitir dados que, analisados, podem mostrar como funcionam as patrulhas. Se um soldado desaparece durante várias semanas e reaparece no Strava, é possível entender que durante esse tempo, esteve numa das patrulhas dos submarinos obrigatórias para manter a dissuasão nuclear. Afinal, a função destes submarinos é desaparecerem no oceano e estarem prontos a usar força nuclear se a tal forem instados pelo presidente francês. 

A segurança importa na base: há patrulhas por mar, terra e de drones, são pedidas credenciais aos mais de 2 mil funcionários e são usados sistemas de reconhecimento facial. Os smartphones são proibidos em grande parte da base e, em certos pontos, devem ser colocados em pontos especiais. Porém, o mesmo não acontece com os smartwatches, aponta o Le Monde

É a partir destes dispositivos que os soldados parecem atualizar a app, e os mesmos têm capacidade para armazenar dados. Questionada pelo Le Monde, a Marinha francesa reconheceu uma "situação problemática", mas sem "risco maior". 

Em 2024, o mesmo jornal revelou que através da mesma app, era possível acompanhar os elementos da equipa de segurança de Macron e Biden, permitindo até perceber onde estavam os líderes mundiais a qualquer momento, no que ficou conhecido como StravaLeaks. 

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