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Faixa de Gaza. Milhares de palestinianos em fuga antes de invasão de Israel

Leonor Riso
Leonor Riso 14 de outubro de 2023 às 10:19
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Hamas apelou a residentes que não fujam. "Não posso ver a minha mulher e os meus filhos a morrer à frente dos meus olhos", relata um civil da Cidade de Gaza.

Até às 16 horas locais (14 horas em Portugal continental), Israel permitirá a evacuação do norte da Faixa de Gaza, onde se prepara para realizar uma incursão militar terrestre contra o Hamas. Este sábado, o exército israelita diz ter visto um "movimento significativo" de civis rumo a sul, na ordem dos milhares. Contudo, muitas pessoas não querem deixar as suas casas para trás. 

REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

"À volta da Faixa de Gaza, os soldados reservistas israelitas estão a preparar-se para a próxima fase de operações" disse o tenente-coronel Jonathan Conricus. "Estão todos à volta da Faixa de Gaza, no sul, no centro e no norte, e estão a preparar-se para qualquer alvo com que se deparem, qualquer tarefa. O fim desta guerra é que vamos desmantelar o Hamas e as suas capacidades militares e mudar fundamentalmente a situação para que o Hamas nunca mais tenha a capacidade de infligir qualquer dano em civis ou soldados israelitas."

Israel diz que a ordem de saída é temporária e um gesto humanitário para proteger os civis das operações contra os militantes do Hamas que vivem na Cidade de Gaza. A Faixa de Gaza é habitada por mais de dois milhões de pessoas, o norte por cerca de 1.1 milhões e a Cidade é densamente populada. As Nações Unidas já sublinharam que não há forma de tantas pessoas serem retiradas de forma segura sem causar um desastre humanitário. 

António Guterres, secretário-geral da ONU, já apelou ao acesso humanitário a Gaza para permitir a entrada de combustível, comida e água a quem precisa. "Até as guerras têm regras", frisou. 

"O nó em torno da população civil em Gaza está a apertar", escreveu o diretor de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, nas redes sociais, antes de o prazo ser alargado. "Como é que 1.1 milhões vão mover-se através de uma zona de guerra densamente populada em menos de 24 horas?"

O Hamas apelou a que as pessoas fiquem e promete lutar até à última gota de sangue. Segundo a agência noticiosa Reuters, pelas colunas das mesquitas ouvem-se mensagens como: "Agarrem-se às vossas casas. Agarrem-se à vossa terra." Segundo o grupo terrorista, um grupo de 70 pessoas retiradas foi alvo de um ataque israelita. 

À Reuters, um habitante da Cidade de Gaza lamenta: "Eu nunca me iria embora, preferia morrer e não me ir embora, mas não posso ver a minha mulher e os meus filhos a morrer à frente dos meus olhos. Não temos hipótese."

Até agora, contabilizam-se 1.300 israelitas e 2.200 palestinianos mortos desde os ataques terroristas do Hamas, no dia 7 de outubro. 

O governo israelita acredita que haja 120 reféns israelitas nas mãos do Hamas. Este sábado, foram encontrados restos mortais de desaparecidos desde 7 de outubro. 

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