Morreu a poeta norte-americana Louise Glück, vencedora do prémio Nobel da Literatura de 2020. Tinha 80 anos.
Em 2020, a autora de Averno foi distinguida pelo júri de Estocolmo pela "sua inconfundível voz poética que com austera beleza torna universal a existência individual".
Glück era reconhecida como uma das mais talentosas poetisas norte-americanas da atualidade, graças à sua poesia assombrada pelo sentimento de solidão, desalento e perda. A sua escrita era "sincera e intransigente", segundo o presidente do Comité do Nobel Anders Olsson, mas também "repleta de humor e de uma sagacidade mordaz". Glück embelezava os seus versos sobre o quotidiano e pessoal com referências mitológicas e históricas. A natureza é também presença assídua na sua poesia, muitas vezes sem representarem algo que não aquilo que são. Um lírio pode surgir, na poesia de Glück, apenas como a representação de um lírio. Essa postura foi amplamente citada aquando da atribuição do Nobel. O seu aparente desinteresse com a vida política e social faziam com que estivesse baixo nas apostas a possíveis laureados.
A poeta norte-americana nasceu em Nova Iorque em 1943 e publicou o seu primeiro livro (Firstborn, sem tradução em Portugal) em 1968. Ao longo da vida publicaria 13 livros de poesia, duas coletâneas de ensaios e ainda um livro de ficção intitulado Marigold and Rose (de 2022).
Apesar de não ter tido um tremendo sucesso comercial, granjeou dezenas de prémios ao longo da vida e tornou-se uma poeta consensual nos Estados Unidos. Em 1992, The Wild Iris(A Íris Selvagem, editado em Portugal pela Relógio d'Água) vale-lhe o Pulitzer. Em 1999 ganha o Prémio Bollingen porVita Nova(Relógio d'Água) e o National Book Award porFaithful and Virtuous Night (Noite Virtuosa e Fiel, também publicada na mesma editora) em 2014. No ano seguinte, recebeu das mãos do presidente norte-americano Barack Obama a Medalha Nacional de Humanidades.
Eleita Poet Laureate em 2003, a autora norte americana frequentou as Universidades de Sarah Lawrence e de Columbia, mas não chegou a concluir nenhum curso. Entre as suas principais referências, Glück destaca os nomes dos poetas Léonie Adams e Stanley Kunitz, ambos seus professores na Columbia University's School of General Education.