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EUA: em menos de uma semana pelo menos quatro jovens foram baleados

Duas cheerleaders, depois de uma ter tentado, por engano, entrar num carro que não era delas. Um jovem tocou à campainha errada quando ia buscar os irmãos. Uma rapariga entrou com o carro na propriedade que pensava ser de um amigo. Casos ocorreram em estados diferentes mas a resposta foi a mesma: todos foram baleados.

Um recente caso de violência armada sobre jovens voltou a assolar os Estados Unidos. Esta terça-feira, duas adolescentes membros de uma claque norte-americana foram baleadas à saída do treino.

D.R.

Tudo aconteceu no Texas, quando o grupo de quatro jovens se encontrava a ir para casa depois de um ensaio numa escola secundária. Segundo oNew York Post, uma das adolescentes tentou entrar num carro que achava ser seu, quando se deparou com um homem sentado no banco do passageiro.

Como achou que estava a ser roubada, decidiu correr para o carro de uma das amigas, mas rapidamente se apercebeu do erro. O homem de 25 anos dirigiu-se ao carro das raparigas que abriram a janela para pedir desculpa pela confusão causada. Porém, Pedro Tello Rodriguez Jr. começou a disparar "várias vezes" tendo posteriormente fugido.

Todo o momento foi captado pelas câmaras de segurança da rede de supermercados e testemunhado por uma pessoa que se encontrava no local.

Foi a líder da equipa, Heather Roth, que relatou toda a situação às autoridades enquanto era assistida por ter ferimentos ligeiros provocados por uma bala de raspão. Já a outra jovem, Payton Washington, teve de ser encaminhada para o hospital de helicóptero depois de "começar a cuspir sangue". Atualmente acheerleaderencontra-se estável mas continua nos Cuidados Intensivos. As outras duas jovens, segundo a imprensa norte-americana, não terão sofrido qualquer lesão.

Pedro Tello Rodriguez Jr. acabou por ser detido e acusado de tentativa de homicídio.

Já no caso de Ralph Yarl, ojovem afro-americano que foi baleado depois de tocar à campainha errada, a mãe do menor decidiu quebrar o silêncio e falar esta quarta-feira aos aos jornalistas.

Cleo Nagbe relatou que o menor se encontra em casa, a recuperar, mas está fisicamente estável apesar de ainda ter algumas limitações. O principal problema prende-se com questões emocionais e de saúde mental é que, apesar de Ralph Yarl já falar, continua a viver "de forma sistemática" o momento em que foi atacado. 

"Ele fica apenas sentado, a olhar para o vazio, com baldes de lágrimas a caírem-lhe dos olhos. Nós percebemos que ele está a recordar o que aconteceu vezes sem conta. E é isso que também não seca as minhas lágrimas, vemos um filho assim mas não há nada que possamos fazer", disse a mãe em entrevista à CBS Mornings.

Quanto aos tratamentos hospitalares, Cleo Nagbe avançou que o filho esteve durante cerca de 12 horas com a bala na cabeça, algo que lhe poderá deixar sequelas "durante algum tempo".

No dia do incidente, Andrew Lester foi detido pela polícia mas acabou por sair em liberdade menos de 24 horas depois. Esta segunda-feira ooctogenário foi formalmente acusado de agressão em primeiro grau– o termo usado para tentativa de homicídio - e criminalidade armada, dois crimes que poderão originar uma pena de prisão perpétua.

Zachary Thompson, do Ministério Público de Clay, confirmou inicialmente à imprensa que as autoridades acreditavam que tinham existido "componentes raciais no caso" porém, anunciou que na acusação as mesmas não foram consideradas.

"Entendemos o quão isso pode ser frustrante, mas posso garantir que o sistema de justiça criminal está a funcionar e continuará a funcionar", disse Thompson.

No dia 13 de abril, Ralph Yarl dirigia-se para a casa de um amigo de família, perto das 22h, para ir buscar os irmãos mais novos. Deveria ter ido até à 115th Street mas acabou por se enganar e foi dar à 115th Terrace. Quando tocou à campainha da habitação, o dono da casa abriu a porta e disparou duas vezes sobre o menor.

"[Ralph Yarl] contou que o homem demorou muito tempo mas quando finalmente abriu a porta estava a segurar uma arma de fogo e disse que foi imediatamente baleado na cabeça, tendo caído no chão", esclareceu a polícia depois de ter falado com o jovem quando este ainda estava internado.

Depois de atingir o jovem na cabeça, o homem ainda disparou sobre o seu braço quando este já estava no chão. Ralph acabou por fugir enquanto ouvia "não venhas para aqui".

Foi um vizinho que acabou por ajudar o adolescente mas, segundo oNew York Times, quando chegaram as autoridades o rapaz ainda foi obrigado a "deitar-se no chão de mãos no ar" tendo acabado por desmaiar.

Tinham passado apenas dois dias deste incidente, quando Kevin Monahan, de 65 anos, foi até à varanda da sua casa, na cidade rural de Hebron, e com uma espingarda na mão disparou indiscriminadamente sobre um carro se encontrava na sua propriedade. Voltou para dentro sem perceber os efeitos do seu ato até, minutos mais tarde, a polícia lhe bateu à porta.

Kaylin Gillis, uma jovem de 20 anos, estava no interior do veículo com mais três amigos e dirigia-se para a casa de um colega. O grupo acabou por se enganar e entrar na propriedade de Kevin Monahan que, ao disparar a arma, acertou de forma fatal na jovem.

Como a zona do incidente não tinha cobertura de rede telefónica, o grupo seguiu até à cidade de Salem para contactar o serviço de emergência. Os profissionais de saúde, quando chegaram, ainda tentaram reanimar a rapariga mas sem sucesso.

Esta quarta-feira a polícia de Washington disse em entrevista àCNNque considerava "não ter existido qualquer razão para o homem disparar" e que este quando interrogado "não demonstrou quaisquer remorsos". Porém, o seu advogado afirmou que toda a situação causou "um nível de alarme num senhor idoso que vive com uma senhora idosa" e que Monahan "lamentava sinceramente a tragédia".

Kaylin Gillis, natural de Schuylerville, no estado de Nova Iorque, foi descrita pela família como "uma alma gentil e um raio de luz", enquanto a escola que frequentou disse que ela era "uma jovem doce" que apenas queria passar algum tempo com os amigos.  

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