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Operadores de lojas acusam Vodafone britânica de ter "enriquecido injustamente" na pandemia

Os documentos apresentados no Supremo Tribunal do Reino Unido alegam que a operadora terá agido de "má fé" ao reduzir as comissões aos operadores de "franchising" do grupo durante a pandemia.

Um grupo de 62 operadores defranchisingda Vodafone, juntou-se para uma ação judicial contra a empresa no valor de 120 milhões de libras, avança o jornal The Guardian. No processo, apresentado na terça-feira, no Supremo Tribunal do Reino Unido, a empresa é acusada de ter "enriquecido injustamente" à custa de pequenos empresários e menciona também a existência de dívidas deixadas aos operadores de franchising que gerem lojas da Vodafone. Alguns dizem até ter tido pensamentos suicidas, que atribuem à pressão exercida pela operadora de telecomunicações.

De acordo com o jornal britânico, os documentos do tribunal alegam que a Vodafone terá agido de "má fé" ao reduzir as comissões aos operadores de franchising e ao impor multas pesadas por erros administrativos menores e depois persuadi-los a contrair empréstimos e subsídios do governo. As alegações revelam ainda que alguns dos operadores contraíram dívidas pessoais superiores a 100 mil libras (cerca de 122 mil euros) e chegaram a temer perder as suas casas. 

Rikki Lear, ex-gerente de três lojas de franchising da Vodafone, em Kent, no sul da Inglaterra, disse, em declarações ao The Guardian: "Deixaram-me a pensar se queria continuar a viver neste mundo. A única coisa que me fez continuar foi a minha família e a minha filha".

"Pedimos desculpa a qualquer franqueado que tenha tido uma experiência difícil", respondeu a Vodafone, quando contactada pelo jornal. E afirmou "refutar veementemente" as alegações de que terá "enriquecido injustamente", tendo conduzido até uma "série de investigações" internas. 

Investigações essas que "concluíram que algumas ações entre a Vodafone e os parceiros franqueados nem sempre cumpriram as normas que esperamos, mas não foram encontradas provas de má conduta", acrescentou a Vodafone, citada pelo The Guardian.

A Vodafone passou a ter sistemas de franchising, em 2018. Ao The Guardian, os queixosos afirmaram que os sistemas de franchising inicialmente permitiram alcançar lucros, mas o grupo acabou por impor cortes nas comissões de vendas após o verão de 2020, depois da pandemia da covid-19 que obrigou ao confinamento. 

A operadora terá feito "um corte inexplicavelmente drástico e patentemente irracional e/ou arbitrário na comissão dos queixosos", afirmam os documentos apresentados em tribunal.

Já a Vodafone justificou que "em 2022, foi conduzida uma revisão de garantia completa no nosso património de franchising, que levou mais de 400 horas. A revisão encontrou questões a serem respondidas em relação ao programa de franchising, o seu processo e comunicação. Concluiu com ações claras para efetuar melhorias nas áreas identificadas. Por exemplo: fornecemos recursos adicionais para dar suporte aos franqueados e fizemos pagamentos aos franqueados onde foi descoberto que a Vodafone poderia ter agido de forma diferente".

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