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Na Europa, a energia renovável superou pela primeira vez a de gás natural

Leonor Riso
Leonor Riso 19 de junho de 2023 às 14:01
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Valor alcançou-se em 2022, indica relatório do Estado do Clima na Europa de 2022. Costa de Portugal é das zonas com maior potencial para produzir energia eólica.

2022 foi o ano em que, pela primeira vez, as energias renováveis geraram mais eletricidade do que o gás natural (um combustível fóssil) na Europa. A energia solar e eólica criou 22,3% da eletricidade da União Europeia em 2022, superando assim o gás fóssil (20%) e a energia obtida através do carvão (16%).

REUTERS/Jose Manuel Ribeiro

Esta é uma das conclusões do relatório do Estado do Clima na Europa de 2022, produzido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (a componente de observação do programa espacial europeu), que foi divulgado esta segunda-feira. "Pela primeira vez, foi gerada mais eletricidade através do vento e sol do que por gas natural na União Europeia. O aumento do uso de energias renováveis e as fontes de energia baixas em carbono são cruciais para reduzir a dependência de combustíveis fósseis", salienta Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

Até 2030, a União Europeia quer aumentar a produção energética a partir de fontes renováveis para pelo menos 42,5% do consumo total. Seria o dobro do registado em 2019.

Sobre Portugal, o relatório do Estado do Clima destaca que a costa do País é das zonas com maior potencial para produzir energia eólica, a par da costa da Irlanda e do Mar Egeu. Além disso, também aponta que 2022 foi o ano mais quente de sempre em Portugal. O mesmo aconteceu em Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Suíça e Reino Unido.

Tratou-se ainda do quarto ano seguido de seca na Península Ibérica, onde Espanha também registou uma redução das reservas de água para 41,9% da sua capacidade total até 26 de julho.

156 mil pessoas afetadas pelos impactos das alterações climáticas em 2022 

Os perigos causados pelos desastres meteorológicos, de excesso de precipitação ou climáticos causaram 16.365 mortes e afetaram 156 mil pessoas por todo o continente europeu. 

Cerca de 67% dos eventos meteorológicos deveram-se a cheias e tempestades, mas foram as ondas de calor as mais severas quando à mortalidade, causando mais de 16 mil mortes em excesso. 

A Europa é o continente que está a aquecer mais rápido no mundo: em 2022, esteve 2,3ºC acima da média da era pré-industrial (1850-1900) usada como base no Acordo de Paris, adotado em 2015 para responder às alterações climáticas.

Os glaciares na Europa perderam cerca de 880 quilómetros quadrados de gelo entre 1997 e 2022. Foram os Alpes que mais sofreram, passando por uma redução em média da espessura do gelo de 34 metros em 2022. Também registaram uma perda recorde de massa num só ano, causada pela baixa acumulação de neve no inverno, por um verão muito quente e pela presença de poeiras do Sahara. 

Também os oceanos junto à Europa registaram fenómenos alarmantes: as taxas de aquecimento da superfície do mar, em especial no este do mar Mediterrâneo, nos mares Báltico e Negro, e no Ártico sul, foram mais de três vezes superiores à média global.

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