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Alzheimer. Novo medicamento retarda a doença em um terço

Sofia Parissi
Sofia Parissi 07 de maio de 2023 às 11:00
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É o segundo medicamento no espaço de um ano a mostrar resultados no atraso da progressão da doença de Alzheimer.

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A empresa farmacêutica Eli Lilly informou na quarta-feira, 3 de maio, que o seu medicamento Donanemab é capaz de diminuir a evolução da doença de Alzheimer em cerca de um terço.

De acordo com o site da BBC, o Donanemab funciona da mesma forma que o medicamento experimental Lecanemab, que em 2022 mostrou ser capaz de retardar a progressão da doença, mas apresentou efeitos secundários graves em alguns pacientes. Também aqui se registaram os mesmos efeitos secundários de inchaço cerebral.
 
Ambos os medicamentos foram criados para remover os depósitos pegajosos de uma proteína chamada beta-amilóide, que se acumula nos espaços entre as células cerebrais e forma placas distintivas, características da doença de Alzheimer. "A batalha de décadas para encontrar tratamentos que mudem a doença de Alzheimer está a mudar", afirma Cath Mummery, coordenadora da clínica de distúrbios cognitivos do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia do Reino Unido.
 
"Agora estamos a entrar numa época de modificação da doença, onde podemos esperar realisticamente tratar e manter uma pessoa com doença de Alzheimer, em gestão de doença de longo prazo, em vez de cuidados paliativos e de suporte," acrescenta, citada pela BBC.
 
Em comunicado, a farmacêutica revelou detalhes sobre a Fase 3 do estudo, no qual participaram um total de 1.736 voluntários em estágios iniciais da doença. Os participantes foram divididos de acordo com o seu nível de proteína cerebral tau, utilizada como biomarcador de previsão para a progressão da doença de Alzheimer. O tratamento com Donanemab terminava quando as placas distintivas no cérebro desapareciam.

A toma do medicamento resultou num atraso no declínio clínico de 35% em comparação com o tratamento com placebo e resultou em 40% menos declínio na capacidade de realizar atividades da vida diária, de acordo com o comunicado da empresa.
 
Apesar dos resultados positivos, o inchaço cerebral foi um dos efeitos secundários comuns em até um terço dos pacientes, na sua maioria leve e assintomático. Porém, 1,6% dos participantes desenvolveram um inchaço cerebral perigoso, com relato de duas mortes atribuídas diretamente a essa causa.
 
"Estamos motivados pelos potenciais benefícios clínicos que o Donanemab pode proporcionar, embora, como muitos tratamentos eficazes para doenças debilitantes e fatais, existam riscos associados que podem ser graves e ameaçadores à vida", disse Mark Mintun, vice-presidente do grupo de investigação e desenvolvimento de neurociências da farmacêutica Eli Lilly.
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