Em suma, essas pessoas não amam verdadeiramente os seus filhos.
Estive quase para não escrever este texto.
É que, apesar de todas as alegrias que as minhas duas netas e agora também o meu neto me estão a dar todos os dias, não consigo incorporar o “espírito natalício” que é considerado típico desta época.
E isso acontece exactamente porque não consigo deixar de pensar que raio de vida irão elas e ele ter quando forem mais velhos. E, de um modo não menos preocupado, que raio de condições climáticas serão as do planeta nessa altura.
E irrita-me profundamente ver a apatia reinante no país e no Mundo acerca desses problemas e a irracionalidade com que a generalidade das pessoas “engole” as patranhas que quotidianamente nos são apresentadas para que as consumamos como verdades absolutas.
Em 1985, ou seja, cerca de quatro anos antes da queda do Muro de Berlim – que ocorreu, recordo, em 9 de novembro de 1989 – e seis anos antes da implosão da União Soviética, que teve lugar no dia 26 de dezembro de 1991, o cantor inglês Gordon Matthew Thomas Sumner, cujo nome artístico é Sting, escreveu e cantou uma canção cujo título é “I hope the Russians love their children too”, cuja tradução em português é “Eu espero que os Russos amem também os seus filhos”.
Ora acontece que essas patranhas, algumas delas bem grosseiras e de um primarismo idiota que não resistem a um mínimo de argumentação lógica, são profundamente perigosas e põem em causa o futuro das novas gerações, o que significa que, na sua esmagadora maioria, os actuais governantes do Mundo são tão egoístas e irracionais que não pensam no que poderá ser a vida dessas gerações futuras.
Em suma, essas pessoas não amam verdadeiramente os seus filhos.
Mas o pior é que a generalidade dos governados do Planeta (cada vez mais súbditos em vez de cidadãos e cidadãs livres) aceitam acriticamente como boas todas essas mentiras e agem contra os seus próprios interesses. Os seus interesses mais primários, acrescento, como sejam as suas vidas e a sua segurança pessoal.
Daí a minha referência aos zombies. Porque é isso que parecemos.
Claro que nas Ditaduras (regimes que são uma cada vez maior maioria no Mundo), não existe liberdade que permita às populações opor-se aos desmandos dos seus opressores, mas o grande problema é que nos chamados países ocidentais as liberdades individuais estão a sofrer um violentíssimo ataque e estão a ser paulatinamente destruídas, pedaço a pedaço, o que inviabiliza qualquer controlo efectivo dos dirigentes políticos por parte dos eleitores e das eleitoras.
A médio e a longo prazo, a conduta dos actuais dirigentes dos países qualificados como democráticos é suicida para os próprios, mas, aparentemente, os seus egoístas interesses pessoais são tantos que eles e elas não conseguem compreender que serão engolidos pelos ditadores e ditadoras que irão ocupar os lugares que actualmente ocupam.
O drama é que essa postura suicidária, se a ela não for posto cobro, irá arrastar consigo a vida das pessoas que hoje habitam nesses países e as gerações vindouras.
Olhe-se para a Europa.
A subserviência dos dirigentes da UE e dos seus Estados Membros – mesmo daqueles que, proclamando-se nacionalistas, fazem o jogo de Donald Trump e dos seus apaniguados MAGA – aos interesses e desígnios dos estado-unidenses (e também os dos genocidas que, sob a direcção de Benjamin Netanyahu dirigem o Estado de Israel), já tornou a Europa um parceiro em que os restantes países do Mundo não confiam.
E com razão acrescento, porque é totalmente evidente, de um modo que se torna cada vez mais vergonhoso e indesculpável, a duplicidade de critérios de actuação face aos comportamentos, por um lado, do governo da Federação Russa, e, por outro, dos de Israel e dos EUA, aos quais todas as violações do Direito Internacional e dos Direitos dos Povos são toleradas e até consideradas justificadas.
Todas, mas mesmo todas.
E as violações do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas perpetradas pelo governo de Israel, não são, de todo, menos graves do que as cometidas pelos dirigentes da Federação Russa.
Já no que respeita aos EUA, nunca podendo ser esquecidas as pretensões afirmadas a propósito da Gronelândia, veja-se, por exemplo, o que está a acontecer com a soberania da Venezuela, que, independentemente do que possamos achar da governação de Nicolás Maduro, é um Estado independente, e, mais recentemente, as propostas de imposições de
sanções e proibições aos navios espanhóis, estas últimas motivadas pelo legítimo, à luz do Direito Internacional vigente, comportamento do governo de Espanha face a navios que transportam armamento para Israel.
Até de um ponto de vista meramente interesseiro, seria bom que a UE e os seus Estados Membros deixassem de ser tão seguidistas.
Felizmente não foi aprovada a absurda e ilegal proposta de usar os activos financeiros russos congelados em vários países da EU para financiar o esforço de guerra da Ucrânia porque tal constituiria uma grave violação do Estado de Direito.
Aliás, em boa verdade, até a congelação desses activos, apesar de defensável, é juridicamente problemática.
Pelo contrário, o que não o é aceitável é que uma idêntica medida não tenha sido tomada relativamente a potenciais activos financeiros israelitas que possam eventualmente estar depositados em países europeus (não sei se tais activos existem, mas o que é inegável é que nenhuma medida foi tomada contra o Estado de Israel apesar do genocídio que está a ser perpetrado na Faixa de Gaza).
Repito, tudo isto – a que se junta o adiamento da assinatura do Acordo com os países do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) – torna a UE um parceiro não fiável na cena internacional. E, por arrasto, o mesmo acontece com os países europeus em geral.
O que é o melhor favor que está a ser feito à China.
E o governo de Portugal, para mal dos portugueses e das portuguesas, é, uma vez mais, o “bom aluno” (ou “aluno exemplar”) tão incensado nos tempos do cavaquismo.
Dos portugueses e as portuguesas actuais e das gerações vindouras, clarifico.
Depois do canalha Musk ter tido o descaramento de declarar que a empatia é uma das fraquezas fundamentais da civilização europeia, eis que a Administração Trump se atreve a proclamar que as actividades da UE minam a liberdade política e a soberania dos povos.
Infelizmente existe um risco real de que não apenas a Democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos poderão vir a desaparecer da face da Terra, como também que o mesmo aconteça com a Vida Humana.
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Através da observação da sua linguagem corporal poderá identificar o tipo de liderança parental, recorrendo ao modelo educativo criado porMaccobye Martin.
Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.