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Nos últimos 10 anos, o número de mulheres no Vaticano tem aumentado - até em cargos importantes. Simona Brambilla é a mais recente. Mas ainda não há espaço para a ordenação como padres.
Os números estão longe da paridade, mas com o Papa Francisco as mulheres têm tido cada vez mais destaque no Vaticano. Nos últimos 10 anos, revela o Vatican News, houve um aumento de 19,2% para 23,4% no número de mulheres a trabalhar no Vaticano. Hoje são 1.165 funcionárias e recentemente um nome tornou-se ainda mais relevante.
A freira franciscana, de 56 anos, vai ser a primeira mulher a liderar a Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano. Este cargo era tradicionalmente atribuído a cardeais, mas o Papa Francisco decidiu mudar isso.
Além desta nomeação, o Santo Padre já tinha dado mais um passo no reforço do papel das mulheres. A 6 de janeiro atribuiu à irmã Simona Brambilla, das Missionárias da Consolata, um novo cargo: prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
O teólogo Armindo Vaz explica à SÁBADO que o Papa tem vindo a dar mais espaço às mulheres na vida da Igreja e reforça que isso é uma das suas preocupações. Destaca como nomeação mais importante a da Irmã Simona Brambilla. E vai mais longe: "Desde o início do pontificado do Papa Francisco, a presença de mulheres em cargos eclesiais e em posições de relevo na Santa Sé e na Cidade do Vaticano tem aumentado sensivelmente, em relação a homens. A percentagem feminina nesses cargos é agora de mais de 23%. Com a Constituição Apostólica Praedicate evangelium, o Papa Francisco abriu a possibilidade de no futuro também leigos, e portanto também mulheres, poderem dirigir um dicastério da Cúria romana e tornar-se Prefeitos, cargo que antes era reservado a cardeais e arcebispos."
O professor e Coordenador da área de Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, Paulo Mendes Pinto, também destaca este como o cargo mais importante até hoje atribuído a uma mulher dentro da Igreja Católica. "É da máxima importância a dois níveis. Por um lado, é um lugar de topo na chefia da Igreja, por outro, é num campo pastoralmente muito sensível, o da Vida Consagrada. Debaixo da alçada desta freira da Consolata, estão todas as Ordens e Institutos de Vida Consagrada (ordens religiosas, num sentido lato), sejam elas femininas ou masculinas", explica à SÁBADO.
Paulo Mendes Pinto sublinha que é indiscutível que o Papa Francisco tem dado "uma importância crescente às mulheres na estrutura de gestão do Vaticano." E dá como exemplo a nomeação de Raffaella Petrini. "A partir de 1 de março, será a Governadora do Vaticano e tal como Simona Brambilla foi nomeada Prefeita para o Dicastério para a Vida Consagrada, 'Ministra' do governo da Igreja Católica."
No entanto, estas mudanças do Papa Francisco originam sempre muito debate. O professor da Universidade Católica, Armindo Vaz, esclarece que esta é uma imagem de marca do Papa. "A renovação está presente ao longo do 'caminho sinodal'. O Papa Francisco tem mantido o rumo da renovação traçado na sua mente e na sua visão da Igreja." Sobre as críticas que podem surgir, acrescenta: "A inovação provoca sempre reações de reserva, de prudência e até de crítica ou rejeição. O novo suscita medos, receios de que novos caminhos não conduzam a bom fim. Para muitos, especialmente para os mais idosos, é melhor o habitual conhecido do que o novo desconhecido."
Paulo Mendes Pinto também reconhece que estas tomadas de decisão do Papa dão espaço a críticas dos conservadores. "Para conservadores, Francisco tem ido longe demais; para os reformistas, as medidas têm sido avulsas e não têm feito doutrina que seja irrevogável", conclui. Isto porque sempre que há mais movimentações em torno da paridade, surge a velha questão: quando é que as mulheres poderão ser ordenadas padres? Ou se alguma vez isso acontecerá?
Muitos apressaram-se a ver nestes sinais de abertura algo mais, mas a mudança parece estar longe de acontecer. "A principal questão, sobre a ordenação das mulheres, continua completamente fechada a qualquer debate que seja", alerta o professor.
O teólogo Armindo Vaz concorda. "O Papa, em diversas circunstâncias, tem falado e escrito sobre a necessidade de dar mais espaço às mulheres na vida da Igreja. Na Exortação Apostólica Amoris laetitia exaltou o exímio papel da mulher no casal e na família, como esposa e como mãe. Não avançou mais, designando para a mulher ministérios ordenados, porque a Teologia ainda não estabeleceu amplos consensos sobre essa atribuição. Mas tomou medidas corajosas pondo mulheres à frente de importantes dicastérios da Cúria romana", conclui à SÁBADO.
Afinal qual o poder destas mulheres?
Ao longo dos anos, as mulheres não ocupavam lugares de destaque, mas isso tem vindo a mudar. Um dos cargos de destaque que o Papa atribuiu em 2021 foi a Alessandra Smerilli, nomeada secretária no Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral. No mesmo ano, também nomeou mulheres como secretárias das Comissões Pontifícias.
Em 2020, por exemplo, dos 15 membros do Conselho para a Economia do Vaticano, seis são mulheres. Dois anos depois, Francisco nomeou duas religiosas e uma leiga como membros do Dicastério para os Bispos, ou seja, elas participam na seleção dos bispos.
Armindo Vaz reforça que "as mulheres – nos seus dotes de beleza, de bondade, de ternura e de capacidade de emulação – são a alma do mundo, especialmente do mundo religioso." O teólogo destaca a história da irmã de Simona Brambilla. "Nas estruturas eclesiásticas do Vaticano é a primeira mulher nomeada Prefeito pelo Papa. Conduzirá o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, do qual Dicastério já tinha sido Secretária. Só imediatamente depois dela está o Pró-Prefeito, cardeal Ángel Fernández. É a segunda mulher a exercer esta função na Cúria romana, depois da nomeação, em 2021, da Irmã Alessandra Smerilli para o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. A importância da nomeação está também no facto de a sua condução cobrir a atividade de um sector da vida da Igreja em todo o mundo. Pode ter muita influência nos Institutos Religiosos que orienta", esclarece à SÁBADO.
O Papa, em diversas circunstâncias, tem falado e escrito sobre a necessidade de dar mais espaço às mulheres na vida da Igreja
Armindo Vaz
O teólogo dá mais exemplos: em julho de 2019, sete mulheres tornaram-se membros do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. "No contexto de outras nomeações, constitui um acontecimento novo e inovador; e abre um procedimento e um caminho que não podem voltar atrás, sob pena de não se perceber o retrocesso."
Armindo Vaz reforça que o currículo da Irmã Brambilla é de destacar "a experiência feita em Moçambique como membro das Irmãs Missionárias da Consolata que é, mas também a experiência de Superiora Geral da sua Congregação."
O Papa Francisco, que ainda se encontra internado mas já fora de perigo, terá no seu legado o reconhecimento da importância das mulheres e do seu papel na religião. Aliás, logo depois de ser nomeado Papa disse que: "As primeiras testemunhas da ressurreição são as mulheres. E isso é bonito. E este é um pouco a missão das mulheres." Frisou que a Igreja é feminina. Já em 2015, o Sumo Pontífice discursava à Plenária do Dicastério da Cultura, e citado pelo Vatican News, disse: que as mulheres não se podiam sentir hóspedes da Igreja, "mas plenamente participantes das várias esferas da vida social e eclesial". Francisco sabe que essa missão não é simples e frisou na altura que era "um desafio que não pode mais ser adiado".
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