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Rei de Espanha convidou o PSOE a tentar formar Governo

Felipe VI convidou esta terça-feira o líder socialista, Pedro Sánchez, a formar governo, abrindo assim um período de negociação para que este consiga os apoios para uma votação de investidura

O rei de Espanha, Felipe VI, convidou esta terça-feira, dia 2, o líder socialista, Pedro Sánchez, a formar governo, pelo que se abre um período de negociação para que este consiga os apoios para uma votação de investidura.

O presidente da Mesa do Congresso dos Deputados (parlamento espanhol), o socialista Patxi López, informou hoje da decisão do Rei, tomada após uma segunda ronda de consultas com os líderes das formações partidárias com assento parlamentar.

Pedro Sánchez (na foto) e o PSOE (com 90 deputados) terão de fazer acordos para chegar a uma maioria no parlamento que lhe permita contornar - numa primeira ou em votações sucessivas - um quase certo voto contrário do PP (123 deputados).

As críticas do Podemos ao PSOE

Entretanto, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, reiterou a oferta de um governo de coligação com o PSOE, mas criticou a falta de resposta do secretário-geral socialista, afirmando que lhe parece que ambos "se comunicam por conferência de imprensa".

"Não entendo que alguns apostem na ambiguidade e na hipocrisia. Pedro Sánchez está há 10 dias sem responder à nossa proposta de Governo e há 30 a esperar por [Mariano] Rajoy. A este passo teremos cabelos brancos ainda antes de formarmos Governo. Continuamos de mão estendida", disse Iglesias numa conferência de imprensa no Congresso dos Deputados (parlamento) espanhol.

Para o líder do Podemos, "é como se o vírus do imobilismo de Rajoy estivesse a afectar também o PSOE" (...) "Se não querem [a oferta de governo de coligação], que o diga abertamente", realçou.

Iglesias reafirmou que a sua proposta – governo de coligação PSOE-Podemos e Izquierda Unida, com o apoio de formações catalãs e bascas – constituiria "um governo de mudança", capaz de chegar a acordos com formações que defendem, por exemplo, a independência de algumas regiões.

"Queremos governar com o PSOE porque temos mais de cinco milhões de apoios (votos). Seria bom que todos entendêssemos que os governos de coligação são mais representativos. Fizemos a proposta mais estável, com 11 milhões de votantes", disse Iglesias, juntando os resultados dos socialistas, os seus e os da Izquierda Unida (comunistas).

Por outro lado, o líder do Podemos acusou o secretário-geral do PSOE de "tentar vender a opção de um governo impossível", ou seja uma coligação dos socialistas que inclua também o Ciudadanos (centro-direita).

"Se calhar tenho de o dizer em verso a Pedro Sánchez: Quero estar nesse governo e queremos estar nesse governo", disse Iglesias, ressalvando, porém, que o Ciudadanos tem de ficar de fora.

"Posso pôr-me de acordo com Albert Rivera [líder do Ciudadanos] na alteração ao sistema eleitoral, em temas de corrupção... mas não numa proposta de Governo. (...) É impossível que nos ponhamos de acordo com o Ciudadanos para formar Governo, que o tenham bem claro", atalhou.

O Rei de Espanha concluiu hoje uma segunda ronda de consultas aos líderes dos partidos com representação parlamentar, com vista a convidar à formação de um governo. No final dessa ronda, o presidente do Governo em funções, Mariano Rajoy, disse que - ao contrário de 22 de Janeiro - o Rei já não o convidou a formar Governo.