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Ventura ignora "não é não" e faz xeque a Montenegro

Alexandre R. Malhado
Alexandre R. Malhado 11 de março de 2024 às 03:32

O líder do Chega passou a noite longe dos militantes e só desceu do quarto de hotel para ser recebido em apoteose. Passou a batata quente a Montenegro ao afirmar que "só um líder muito irresponsável ignoraria" maioria AD-Chega. E chorou com o hino.

Entre cervejas e sandes ao balcão, militantes do Chega estavam de olhos postos nos ecrãs da televisão do Hotel Marriott, em Lisboa. "Olha a Vanessa! Foi eleita! Chega, Chega, Chega!"; Pela hora de jantar, contavam-se os votos. E a cada quarto de hora, pingava mais um deputado. "Agora foi o Pedro! Santarém! Santarém! Chega, Chega, Chega!" A noite era de festa na sede de campanha do Chega. É normal: sem contar com os círculos exteriores por contar, elegeram 48 deputados fruto de 1.108.764 votos. Em Faro, por exemplo, foram o partido mais votado: 64.228 votos, mais quatro mil do que o PS e 12 mil do que a AD. O Chega vale 18% — e André Ventura sabe que o líder da AD, Luís Montenegro, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não são indiferentes à fatia que o seu partido representa. "Já está definida uma maioria clara: será da AD e Chega. Só um líder muito irresponsável ignoraria isso. Temos nas nossas mãos um governo de mudança", proclamou o presidente do Chega no seu discurso de vitória, ignorando a linha é vermelha imposta pelo líder do PSD — "Não é não" a qualquer entendimentocom o partido de Ventura, afirmou Montenegro.

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O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.