No Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém, arrancou esta sexta-feira à noite o quinto congresso do Chega. Apesar do atraso de cerca de 30 minutos por falta de quórum, André Ventura chegou pelas 22h para o primeiro discurso da noite. E ao arranque de congresso, deixou uma promessa: "Não prometo que venceremos estas legislativas, mas se me derem esse mandato voltarei a lutar com tudo o que tenho para conseguir ultrapassar o PSD, liderar a oposição e conseguirmos governar Portugal."
TIAGO PETINGA/LUSA
"Se em 2019 tínhamos de estar preparados para nos afirmar, se em 2021 tínhamos de estar preparados para nos implantar, em 2023 para a frente, temos de estar preparados para governar, porque os números não mentem", concretizou Ventura.
A frente parlamentar Esse mote viria a ser repetido sábado adentro. "A nossa ambição é ultrapassar o PSD e tentaremos tudo por tudo", afirmou o deputado Diogo Pacheco de Amorim, apesar de o partido estar disposto a negociar com as forças de Luís Montenegro. Contudo, como viria a referir Pedro Pinto, não se vão "vender": "Vamos negociar com o PSD, sim, mas não nos venderemos", afirmou Pedro Pinto, líder parlamentar, também este sábado. E usa uma expressão inesperada para descrever o que o Chega faz na Assembleia da República: "Malhar neles todos."
Na noite de sexta-feira, o deputado Rui Paulo Sousa, que era secretário-geral e coordenador da comissão de ética antes do chumbo estatutário do Tribunal Constitucional, seguiu a mesma linha de Ventura e garantiu que, do ponto de vista financeiro, "estão preparados para qualquer eleição". "Não temos qualquer dívida e estamos preparados para as próximas eleições — sejam as da Madeira, sejam legislativas antecipadas", realçou o responsável pelas contas do partido. E pediu estabilidade interna para "garantir que o presidente e órgãos possam funcionar em pleno, concentrados no que importa: a atividade política que nos vai levar ao governo de Portugal".
O deputado Pedro Santos Frazão, que é vereador na Câmara Municipal de Santarém, ainda tomou a palavra na sexta-feira para falar de um "ataque ao mundo rural, às tradições e à portugalidade" na Assembleia da República. "Não passarão no ataque ao mundo rural, às tradições e à portugalidade", acrescentando que o partido está de "pedra e cal" no Parlamento.
"Limpar as armas" Outro dos principais assuntos foi a crise interna. Nos últimos dois anos, o Chega criou uma frente de críticos internos a Ventura, viu-se forçado a criar uma diretiva para suspender quem falasse mal publicamente do partido ou de militantes (seja nas redes sociais ou nos jornais), exonerou um chefe de gabinete e fundador do partido, perdeu autarcas e (quase) um deputado. Para o deputado Filipe Melo, de Braga, "é tempo de limpar as espingardas".
"Se não for o nosso presidente, os nossos filhos, os nossos netos não terão futuro no nosso País", afirmou o também líder da distrital de Braga, que foi pai há três dias.
Já na sexta-feira, o vogal Ricardo Regalla Dias tinha falou da importância de "união" e "dar suporte aos dirigentes". "O Governo está em frangalhos e podem surgir eleições a qualquer momento", apelou.
No que toca a cisões internas, uma das figuras do momento é Nuno Afonso. Fundador, ex-chefe de gabinete do Chega, atualmente (ainda) da direção do Chega e vereador em Sintra, é o rosto mais visível da oposição interna contra Ventura. Contudo, será afastado da direção esta fim de semana - e o próprio Nuno Afonso pretende sair do partido, confirmou o próprio à SÁBADO. Este sábado, não foi esquecido. Pedro Pinto diz que a oposição interna "não existe, desapareceu". E frisou que a direção "nunca deixará" que exista oposição interna.
Um dos delegados chegou mesmo a falar de Nuno Afonso. Nuno Pardal, ex-presidente da Associação de Toureiros, afirmou no seu discurso deste sábado: "Um homem baixo por muitos saltos que dê nunca será alto. Comparar-se a André Ventura é comparar a Casa Pia com a pia da casa", disse, referindo-se indiretamente a Nuno Afonso.
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