"A caminho do cadafalso, os lábios dos socialistas entoam cânticos de confiança na Justiça. Esplêndido", escreve o antigo primeiro-ministro num texto de opinião.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates escreveu um artigo publicado noDiário de Notíciassobre a atuação do Ministério Público (MP) na operação Influencer, criticando a forma como o "sistema judiciário" retirou "ilegitimamente a maioria absoluta no Parlamento e o direito a governar" ao Partido Socialista.
"Há uma semana que o Partido Socialista é massacrado diariamente nas televisões, sendo apresentado como um partido dirigido por gente desonesta", começa por escrever o antigo primeiro-ministro socialista no texto publicado noDiário de Notícias.
Sócrates lembra que a ação do MP foi responsável não só por derrubar o Governo, como dissolver a Assembleia da República e acabar com a maioria absoluta conseguida em 2022. "Em apenas quatro horas a vontade popular livremente expressa nas urnas foi substituída pela decisão de realizar novas eleições", sublinha o antigo socialista, decidindo depois apontar o dedo àquele que considera ser o verdadeiro inimigo: o sistema judiciário. "No entanto, o conselho dos estrategas do partido é que a luta é contra a direita, não contra o sistema judiciário. A caminho do cadafalso, os lábios dos socialistas entoam cânticos de confiança na Justiça. Esplêndido", refere com ironia.
O arguido na Operação Marquês pede depois ao PS que não se deixe enredar na atitude de que não deve criticar a justiça. "A armadilha mental da direita resulta em pleno - criticar os abusos do Ministério Público é "atacar a Justiça", dizem eles", escreve.
O antigo primeiro-ministro coloca também em causa não a investigação - "não é nada disso que está em causa" -, mas sim a forma como são tratados os investigados. " O que está em causa são os motivos para prender, para fazer buscas e para tornar públicas suspeitas que, podendo fundamentar a decisão de investigar, não justificam a violência sobre as pessoas. Isso, sim, é o que está em causa", refere.
Sócrates atira depois contra a demora processual que se adivinha - "todos sabemos que esta investigação vai durar anos, que os suspeitos vão pedir a aceleração processual, que os prazos de inquérito não vão ser cumpridos e que os procuradores manterão os suspeitos devidamente presos na prisão da opinião pública durante o tempo necessário a que outro tempo político floresça" -, fazendo ao mesmo tempo uma defesa do seu processo na Operação Marquês que dura desde 2014 e que não tem ainda fim à vista.
O artigo termina comparando a atuação do MP com a de um monarca absoluto e a dos elementos do PS com os condenados pelo estalinismo que bradavam o nome de Estaline perante o pelotão de fuzilamento. "Aqui, nesta democracia, o Ministério Público presta contas a Deus, não aos homens, que se devem limitar a baixar a cabeça e expressar a sua confiança na Justiça. Daqui a quatro meses haverá novo governo, haverá novos escândalos e haverá novas oportunidades para dizer que confiamos na Justiça. Nada de novo debaixo do sol - apenas a Justiça a funcionar", remata.
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