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Renata Cambra vai pedir indemnização a Mário Machado

Margarida Davim
Margarida Davim 17 de fevereiro de 2023 às 12:29
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Mário Machado e Ricardo Pais já enfrentam uma acusação de crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra as mulheres deduzida pelo Ministério Público por causa de tweets em que apelavam à violação de mulheres de esquerda, nomeadamente de Renata Cambra.

O Ministério Público acusou Mário Machado e Ricardo Pais de crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra as mulheres. Renata Cambra vai reclamar uma indemnização.

PAULO NOVAIS/LUSA

Mário Machado e Ricardo Pais já enfrentam uma acusação de crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra as mulheres deduzida pelo Ministério Público por causa de tweets em que apelavam à violação de mulheres de esquerda, nomeadamente de Renata Cambra. Agora, a dirigente do MAS vai avançar com um processo para exigir uma indemnização de 10 mil euros.

"Após consulta com o meu advogado, António Garcia Pereira, a quem dirijo um sincero agradecimento pela total solidariedade com que aceitou representar-me neste processo, tomei a decisão de deduzir acusação particular, com pedido de indemnização cível", diz Cambra, numa nota enviada à imprensa.

No pedido a que aSÁBADOteve acesso, pode ler-se que a compensação não deve ser fixada "em menos de 10.000,00 euros, atenta a censurabilidade e dolo da conduta danosa e os danos com ela causados que não podem deixar de merecer a tutela do Direito".

Renata anuncia que vai  distribuir o valor da indemnização cível entre três organizações, a Rede 8 de Março, "por ser a maior plataforma feminista a nível nacional", uma associaçãoa de apoio a pessoas trans e o partido do qual faz parte, o Movimento Alternativa Socialista, "por ser o partido que de forma mais consequente procura construir, à esquerda, a alternativa, independente e combativa, indispensável para barrar o crescimento da extrema-direita, para que possam desenvolver atividades e campanhas relacionadas com o feminismo e o antifascismo".

Em comunicado, Renata Cambra justifica a decisão com a forma como os insultos feitos no Twitter a perturbaram.

"Eu, em particular, achei assustador ver o meu nome diretamente envolvido, mais ainda ao constatar que era o único lá sinalizado, de forma concreta, a nível individual, explica, lembrando que os tweets surgiram na sequência da sua participação nas eleições legislativas como cabeça de lista pelo MAS, numa campanha em que assumiu a importância de combater a extrema-direita.

"No dia 17 de fevereiro [a data dos tweets], percebi que a minha voz me tinha tornado num alvo e que o meu corpo estava a ser colocado a prémio como castigo pelo atrevimento de ser mulher, militante e porta-voz de um partido de esquerda declaradamente antifascista", sublinha a dirigente do MAS, lembrando também os ataques feitos pelo Chega.

"Como esquecer Pedro Arroja, mandatário do Chega, quando afirmou que mulheres nas direções são "sinal da degenerescência dos partidos"?", pergunta.

"Apesar do medo, decidi na altura avançar com uma queixa-crime perante o Ministério Público, com a mesma convicção com que decido hoje deduzir acusação particular, acompanhada por um pedido de indemnização cível: por mim, pela minha dignidade e segurança enquanto mulher, mas também pelas minhas camaradas do MAS e por todas as mulheres de esquerda, com e sem partido, que têm a coragem de lutar "por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres", como em tempos escreveu Rosa Luxemburgo", declara Renata Cambra, que vai contar com outras mulheres de esquerda como suas testemunhas nesta ação.

Ana Gomes, Guadalupe Amaro e Isabel Moreira são algumas das que aceitaram ser suas testemunhas no processo.

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