Apesar de ambos os partidos se terem afirmado como líderes da oposição parece que o Chega é que vai desempenhar realmente esse papel. José Filipe Pinto explica que a única dúvida é qual será o critério escolhido por Marcelo.
Tanto José Luís Carneiro, candidato à liderança socialista, como André Ventura, presidente do Chega, reclamam o título de líder da oposição, mas afinal qual é a importância de ocupar esta posição? José Filipe Pinto, politólogo e professor catedrático, explica àSÁBADOque "é muito importante para ambos os partidos assumirem-se como líderes da oposição".
O Chega tem mais deputados (60 contra 58) e o PS mais votos (1.394.501 contra 1.345.689), por isso, na realidade "quem vai tirar mais proveito da oposição é o Chega". "Ao ter mais deputados, o Chega vai ser o primeiro partido a interpelar o Governo o que é bastante importante e depende apenas do número de deputados". A única dúvida está "na relação com o Presidente da República".
"Marcelo vai poder decidir qual é o critério que quer usar para estabelecer a ordem em que vai receber os partidos", refere José Filipe Pinto. Uma vez que "não há nenhum critério que defina quem é que Marcelo deve considerar como líder da oposição, por norma o segundo partido mais votado é também o segundo com mais deputados". Isso não acontecendo, "Marcelo e, depois, o seu sucessor vão decidir qual o critério que querem usar".
No entanto, José Filipe Pinto refere que este é apenas "o elemento institucional", e o mais importante é o "elemento político".
José Luís Carneiro foi o primeiro a entrar nesta troca de argumentos quando considerou que o PS continua a ser a "segunda força mais importante na relação de confiança com os portugueses" uma vez que "a maioria dos portugueses escolheu o PS para segundo partido". Para o mais provável secretário-geral socialista, o que conta são o número de votos: "Se nós valorizamos o princípio ‘um homem, um voto’, significa que valorizamos cada voto. E nessa aritmética de que cada voto conta, o Partido Socialista foi o segundo partido com maior número de votos da parte portuguesa", defendeu.
Para o socialista é fundamental intitular-se como o líder da oposição, numa tentativa de "minimizar danos", considera José Filipe Pinto. Antes de explicar que José Luís Carneiro "sabe que a sua candidatura não tem grande sucesso perto de figuras que estão a crescer no partido e a tornar-se importantes", pelo que "tem que conseguir marcar o seu espaço para evitar ser visto apenas como um líder de transição".
Assim sendo, trata-se de "uma questão de afirmação interna e externa". A interna tem a ver com os potenciais adversários e a externa com o facto de "se conseguir assumir-se como líder de oposição, demonstra que afinal a dinâmica bipartidária continua". Isto pode ser algo fundamental na sua "estratégia para regressar ao poder".
Já André Ventura defendeu que "o Chega foi mandatado para ser o líder da oposição" por ter mais deputados e considerou as declarações de José Luís Carneiro como uma "patetice": "Até o dr. José Luís Carneiro sabe que isto é uma patetice, porque num sistema representativo que se converte em mandatos, os mandatos à Assembleia da República são a representação da força dos partidos", afirmou.
Para José Filipe Pinto não há qualquer dúvida de que "o Chega vai exigir ser considerado a segunda força política". Isto é "algo importante para André Ventura porque permite-lhe aproximar-se do sistema ou questionar o sistema". O especialista acredita que o partido vai optar pela segunda: "André Ventura tem-se assumido com uma veia antissistema, já afirmou várias vezes que quer alterar complemente o sistema, já indicou que vai ter um governo sombra e que vai continuar a desafiar o sistema". É possível verificar essa "veia" nas declarações que prestou ontem em resposta a José Luís Carneiro: "O que está a preocupar o PS não é ter perdido um milhão de votos ou deixar de poder influenciar a governação, o que está a preocupar o PS é deixar de poder nomear ‘tachos’ para os lugares da administração pública e perder aquilo que se chama o segundo partido. Meus amigos, levem a bicicleta", acusou.
José Filipe Pinto conclui que "Ventura percebe que ainda tem espaço para crescer e que, para isso, o melhor é ser o líder da oposição e apresentar o PS e o PSD como um bloco de interesses contra o Chega, que se assume como a transparência".
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
No Estado do Minnesota, nos EUA, na última semana, mais um ataque civil a civis — desta vez à escola católica Annunciation, em Minneapolis, durante a missa da manhã, no dia de regresso às aulas.
O famoso caso do “cartel da banca” morreu, como esperado, com a prescrição. Foi uma vitória tremenda da mais cara litigância de desgaste. A perda é coletiva.
A Cimeira do Alasca retirou dúvidas a quem ainda as pudesse ter: Trump não tem dimensão para travar a agressão de Putin na Ucrânia. Possivelmente, também não tem vontade. Mas sobretudo, não tem capacidade.
As palavras de Trump, levadas até às últimas consequências, apontam para outro destino - a tirania. Os europeus conhecem bem esse destino porque aprenderam com a sua miserável história.