Grupo Missão Escola Pública vai fazer manifestações nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, no dia 22 de abril às 18h. "Vamos mostrar aos turistas que Portugal é um país muito rico, muito visitado, mas tem uma escola pública muito maltratada", diz à SÁBADO Rui Foles, um dos organizadores do protesto.
Um mês depois de organizar uma marcha lenta na Ponte 25 de Abril, o grupo Missão Escola Pública anuncia um "assalto ao aeroporto". A ideia do grupo de professores que, embora tenha alguns elementos do STOP nega uma vinculação a qualquer sindicato ou partido, é manter a pressão sobre o Governo para a recuperação do tempo de serviço congelado aos docentes e mostrar que a insatisfação não acalmou nas escolas.
Mariline Alves / SÁBADO
Rui Foles, um dos porta-vozes da Missão Escola Pública, explica à SÁBADO que "a agitação nas escolas está a ser imensa" e que, ao contrário dos apelos do Presidente da República, os ânimos não serenaram na Educação depois da Páscoa. Foles diz que "as negociações [com o Ministério da Educação] estão num impasse" e que este grupo de professores em que se inclui sente, por isso, necessidade de voltar às ruas.
Desta vez, a Missão Escola Pública tem ações planeadas para os aeroportos de Lisboa, Porto e Faro e a expectativa de conseguir mobilizar docentes para irem também aos aeroportos de Beja, Açores e Madeira "e a aeroportos internacionais em sítios onde temos alguns professores, como Macau e Moçambique".
Falar com turistas e lançar aviões de papel
Rui Foles diz que a informação sobre estas manifestações já foi comunicada à ANA, à PSP e às autarquias dos locais onde decorrerão os protestos e assegura que não foram suscitadas questões de segurança. "Vamos estar dentro e fora dos aeroportos", descreve, explicando que as ações começarão às 18h, para às 18h23 se realizar "uma ação surpresa" no interior dos aeroportos.
Em Lisboa, a manifestação deverá começar junto à Rotunda do Relógio, mas os docentes querem ir até às chegadas falar com os turistas e lançar aviões de papel com panfletos sobre a sua luta.
A Missão Escola Pública foi lançada por um grupo de 13 professores que se descrevem como "apartidários, mas não apolíticos" e a sua primeira ação foi uma marcha lenta na Ponte 25 de Abril no dia 20 de março.
"Apesar do receio que essa ação suscitou nalgumas pessoas, pela analogia com o bloqueio de 1994, nunca foi nossa intenção bloquear essa artéria principal de circulação. Se o tivesse sido, não teríamos avisado a Comunicação Social da iniciativa, permitindo assim às pessoas procurar um caminho alternativo de regresso a casa e tendo o cuidado de deixar, nesse dia, uma faixa livre para a circulação prioritária, em ambos os sentidos", lê-se num comunicado deste grupo enviados às redações.
Um mês depois, este grupo considera que essa foi "a semente para algo maior, que passa pela possibilidade de lançar pontes para todas as margens que se queiram agregar em torno de um bem comum, conservando as suas individualidades nas suas formas de luta, mas convergindo num único sentido: a defesa da Escola Pública".
No mesmo comunicado, a Missão Escola Pública afirma-se como um movimento que pretende lutar por uma escola "onde os nossos filhos e alunos não tenham frio, durante o inverno, onde não haja vidros partidos e chãos degradados, onde existam laboratórios para levar a cabo o experimentalismo necessário à aprendizagem; onde existam campos de jogos e salas de convívio, para tempos livres de autonomia e responsabilidade; uma escola onde haja tempo para refletirmos, para prepararmos aulas criativas e eficazes, onde a preocupação não sejam os resultados, mas o processo criativo e de descoberta; onde haja espaço para visitas de estudo e trabalhos de campo, que não penalizem a contabilidade das aulas Previstas e Dadas e não se convertam no medo das aprendizagens que ficaram por realizar, face a avaliações externas; uma escola onde não se premeie o absentismo e onde a retenção não seja algo extraordinário, mas essencial para um aluno entender o valor do esforço e do trabalho".
À cabeça das reivindicações continua, claro, a reposição dos seis anos, seis meses e 23 dias de serviço congelados durante o período da troika e nunca repostos. "Façam-no através de faseamentos, por redução da contagem do tempo necessário à reforma; encontrem uma fórmula, mas devolvam-no integralmente a todos quantos o trabalharam! Só assim se evitarão injustiças e as tão apregoadas "assimetrias". Não aceitaremos a correção de erros com a criação de erros maiores", escrevem os membros da Missão Escola Pública.
Greves, manifestações, acampamentos e greve de fome
Entretanto, o STOP convocou mais quatro dias de greve, entre 24 e 28 de abril, contra o novo regime de concursos e pela recuperação do tempo de serviço. E a FENPROF e os outros sindicatos reunidos numa plataforma conjunta (que inclui a ASPL, a FNE, a PRÓ-ORDEM, o SEPLEU, o SINAPE, o SINDEP, o SIPE e o SPLIU) mantêm as greves e concentrações por distrito entre os dias 17 de abril e 12 de maio.
No seu site, o sindicato liderado por Mário Nogueira explica que, a partir de segunda-feira, "a palavra de ordem será: a partir do meio-dia acabam as aulas! Há greve e não há serviços mínimos". Esta greve iniciar-se-á no distrito do Porto, numa semana em que está prevista uma reunião técnica com o Ministério da Educação.
E esta segunda-feira Luís Sottomayor Braga, subdiretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira, Viana do Castelo, iniciou uma greve de fome contra "a imoral indiferença política do Governo" face à luta dos docentes.
"Isto não é um impulso emotivo. É uma coisa muito racional e que passa pela consciência, de que da maneira que a gente está, depois de tudo o que já foi feito nos últimos seis meses, às tantas é preciso fazer uma coisa um bocado mais drástica para os políticos perceberem que a discussão da educação não é politiqueira, mas é moral", disse, citado pelo Jornal de Notícias, fazendo um apelo direto à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Ficarei o tempo que for necessário, nomeadamente, e esse foco é muito importante, até que o Senhor Presidente da República perceba a mensagem que se está a tentar passar", declarou Luís Braga.
Além disso, a Lusa noticiou que há um grupo de professores, organizado através das redes sociais, a preparar um acampamento de protesto no Largo do Carmo, em Lisboa, de 24 para 25 de Abril, dia para o qual o STOP já anunciou uma manifestação na capital.
A última reunião entre sindicatos e Ministério da Educação aconteceu no dia 5 de abril, já depois de o Governo ter dado por encerradas as negociações sobre os concursos e colocação de docentes.
Esse encontro teve como ordem de trabalhos a "correção dos efeitos assimétricos internos à carreira docente, decorrentes do período de congelamento" e aconteceu com os sindicatos a serem recebidos separadamente e não no modelo negocial de mesa única, que estava a ser usado até então.
No entanto, a reunião terminou sem qualquer acordo à vista, mantendo-se todos os protestos neste arranque do terceiro período letivo.
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