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Montenegro pede moção de confiança e passa empresa familiar para os filhos

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 01 de março de 2025 às 20:11
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O primeiro-ministro fez este sábado uma declaração ao País após terem surgido dúvidas de incompatibilidades com a atividade da empresa familiar que é detida pela mulher e pelos dois filhos. Garantindo não ter feito nada de errado, deixou o aviso: "A crise política deve ser evitada, mas pode ser inevitável".

Luís Montenegro começou a sua comunicação ao País, este sábado, a garantir que tinha prestado todos os esclarecimentos que eram devidossobre a sua empresa familiar, a Spinumviva, na semana passada quando foi votada a moção de censura, sem violar os direitos de terceiros. "Expliquei o volume da sua faturação e o perfil dos seus clientes", indicou o primeiro-ministro.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

"Divulgaram-se entretanto os nomes dos clientes e dos prestadores regulares. Em cima disso lançaram-se especulações para que se criasse um clima de suspeição." Para Montenegro a "verdade é esta": "Há uma empresa que existe que desenvolve a sua atividade para evitar que outras empresas incorram em erros que desemboquem em coimas de milhões de euros", justificou, dando como exemplo o armazenamento de dados da empresa Solverde nos seus casinos ou o caso do colégio com alunos menores, dado que a sua empresa familiar lida com as regras do regime de proteção de dados. "Não cometi nenhum crime, nem tive nenhuma falha ética".

Falando aos portugueses, Montenegro referiu "confio em vocês", "nunca escondi nada, está tudo na minha declaração de interesses". Voltando a indicar que dinamizou uma empresa familiar com os dois filhos e a mulher - "sócios desde o primeiro dia" - e que deixou a sua sociedade de advogados com a quota com que entrou. "Portugueses, nunca cedi a nenhum interesse particular face a qualquer interesse público." Apontou se "seria justo" desfazer-se de tudo só porque foi eleito presidente do PSD e depois primeiro-ministro, defendendo que os seus filhos estão preparados para gerir a empresa - um é formado em gestão e "tem forte aptidões para a tecnologia", nas palavras do primeiro-ministro, e outro está a terminar o curso de gestão.

O primeiro-ministro indicou ainda que não vai intervir em "alguns processos decisórios" do Governo, face a possíveis incompatibilidades com os clientes da empresa familiar.

Montenegro aproveitou o momento de comunicação ao País sobre as dúvidas em relação à sua atuação com a empresa familiar, cujas quotas cedeu à mulher com quem é casado em comunhão de adquiridos, para mostrar o trabalho feito do Governo e depois deixar um aviso: "A crise política deve ser evitada, mas pode ser inevitável". Acrescentando que não fugirá à sua responsabilidade, mas que não está a todo o custo no cargo.

"A empresa familiar passará doravante a ser detida em exclusivo pelos filhos e mudará a sua sede", anunciou Luís Montenegro no final da sua declaração, desafiando depois os partidos no Parlamento a mostrar de que lado estão, pedindo uma moção de confiança.

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