Frederico Pinheiro foi à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP dar a sua versão. Acusou "a máquina de comunicação do Governo" de montar uma "campanha" contra si. Negou ter roubado ou furtado um computador, trouxe um telemóvel que põe em causa a versão segundo a qual agiram para proteger informação classificada e revelou que o Ministério lhe apagou todo o registo de Whatsapp.
"Este telefone que aqui tenho, não é só um telefone. É um mini-computador", disse Frederico Pinheiro, erguendo numa mão o seu telemóvel de serviço, que até hoje não lhe foi pedido para devolver, apesar de se ter disponibilizado por e-mail para o fazer na noite de 26 de abril. Nesse objeto estavam cópias digitais – entretanto já por si apagadas – de todos os documentos que tinham sido classificados pelo Gabinete Nacional de Segurança depois de os ter indicado como contendo informação sensível.
José Sena Goulão/Lusa
Ao exibir o seu telefone de serviço perante a CPI à TAP, Frederico Pinheiro demonstra que as tentativas do Governo, envolvendo o SIS e a PJ, para recuperar o computador de serviço do ex-adjunto ou não visavam os documentos classificados (que também estavam no telemóvel) ou não foram suficientemente diligentes.
A tese de Frederico Pinheiro é a de que, tendo mantido o acesso aos documentos classificados relativos à TAP, a preocupação do Governo era a de recuperar não esses documentos mas o seu portátil. Porquê? Nesse computador, estavam as notas de "centenas de reuniões" nas quais participou como adjunto do Ministério das Infraestruturas, nomeadamente as notas que tirou em duas reuniões: a de 17 de janeiro, que serviu para o grupo parlamentar do PS preparar a audição da então CEO da TAP, Christine Ourmier-Widener, mas também a de uma reunião entre a gestora francesa e o ministro João Galamba, no dia 16 de janeiro.
Até Frederico Pinheiro ser exonerado e serem tornados públicos os eventos em torno do computador, não era público que João Galamba se tinha reunido com a ex-CEO da TAP. E só nesta audição de Pinheiro se soube que existem também notas dessa reunião.
Como frisou o ex-adjunto de João Galamba, enquanto foi adjunto do Governo – coisa que aconteceu durante seis anos – tirou sempre notas de todas as reuniões em que participou não no seu telefone, mas no computador, colocando-o em cima da mesa enquanto o fazia.
As acusações ao Governo
Numa longa intervenção lida no arranque da sua audição, Frederico Pinheiro acusou "a máquina de comunicação do Governo" de ter montado contra si "uma campanha". Mas fez mais acusações: acusou João Galamba de o ter ameaçado verbalmente durante o telefonema de pouco mais de um minuto feito no dia 26 de abril à noite quando lhe deu nota de que estava despedido.
Outra acusação grave feita ao Governo foi a de que entregou o seu telefone de serviço, a pedido da chefe de gabinete de João Galamba, Eugénia Correia, tendo-lhe sido apagados todos os registos de Whatsapp que aí estavam.
Esse pedido para aceder ao telefone surgiu depois de uma reunião tida no gabinete de Galamba para analisar como proceder tendo em conta que, no dia anterior, a ex-CEO da TAP tinha revelado na CPI a existência de uma reunião preparatória da sua audição na Comissão de Economia com deputados do PS.
Nessa altura, Frederico Pinheiro frisou que a participação de Christine Ourmiere-Widener surgiu depois de João Galamba ter posto em cima da mesa essa possibilidade. Entendendo que lhe estava a ser imputado esse convite, o adjunto enviou um printscreen de mensagens trocadas por Whatsapp com o ministro, para provar que tinha sido por intervenção de Galamba que a gestora tinha sido convidada para a reunião.
Depois de ter enviado esse printscreen ao ministro, a chefe de gabinete de Galamba pediu a Frederico Pinheiro o seu telefone de serviço, para poder realizar "uma intervenção". O objetivo seria o de tentar recuperar as mensagens trocadas com a ex-CEO, uma vez que na altura a gestora teria ativada a opção de apagar as mensagens uma semana depois de as ter enviado.
No entanto, como revelou Frederico Pinheiro, quando o telefone lhe foi devolvido, todos os seus registos no Whatsapp tinham sido apagados.
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