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Da greve no INEM aos partos na via pública: as polémicas que deixam a ministra da Saúde perto da saída

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O mandato de Ana Paula Martins pode estar no fim da linha. A ministra soma várias polémicas e muitos consideram que não tem condições para continuar.

Ana Paula Martins assumiu a pasta da Saúde em abril de 2024 - há um ano e meio -, e desde então tem colecionado várias polémicas: desde partos em via pública, ao fecho temporários das urgências e até à greve no INEM, que envolveu falhas na prestação de socorro. Entretanto já foram vários os pedidos feitos para que a ministra se demita, nomeadamente por que falaram com a SÁBADO, mas a resposta de Ana Paula Martins é sempre a mesma: "Não, não me demito". Agora, o avança que o mandato da governante pode estar no fim da linha.

Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, aborda segurança de partos em casa
Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, aborda segurança de partos em casa MIGUEL A. LOPES/LUSA

Grávida morre no hospital Amadora-Sintra 

A mais recente polémica ocorreu na passada sexta-feira, a 29 de outubro. Uma grávida, de 36 anos, dirigiu-se até ao hospital Amadora-Sintra para uma "consulta de rotina", onde lhe foi diagnosticada uma hipertensão ligeira Depois disso, foi enviada para casa com uma consulta marcada. Na madrugada de 31 de outubro, a mulher voltou ao hospital em paragem cardiorrespiratória, tendo os médicos realizado uma extração de emergência do bebé. Acontece que a , e mais tarde.

Inicialmente, a ministra da Saúde avançou que a informação que obteve por parte da ULS foi que a grávida não tinha recebido acompanhamento pré-natal. A afirmação acabou, no entanto, desmentida pela família, que garantiu que a grávida tinha consultas marcadas desde julho. Já o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde informou que parte da informação que foi dada à ministra da Saúde estava "incompleta".

Pressionada no Parlamento, Ana Paula Martins recusou demitir-se: "Não, não me demito", disse. O mesmo não aconteceu com o presidente do conselho de administração, Carlos Sá, que à ministra da Saúde por "dever ético". 

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) abriram inquéritos para apurar responsabilidades.

Grávida dá à luz em plena rua do Carregado

Em agosto, uma jovem de 28 anos, com a ajuda dos pais, depois de terem sido registadas "falhas graves" no encaminhamento da grávida por parte da Linha SNS24.

Segundo o , a família ligou para a Saúde24 para pedir uma ambulância, mas ao invés de ser acionado o INEM foi-lhes pedido que fossem até ao hospital de carro. Após a resposta da Saúde24, a família ligou para o 112 a pedir ajuda, mas o profissional que os atendeu falava em inglês.

A SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) confirmou posteriormente que houve um erro humano e abriu uma averiguação preliminar. O INEM nunca foi informado deste caso.

Bebé morre à porta do centro de saúde

Ainda em agosto, um bebé de 11 meses morreu à porta do centro de saúde de Idanha-a-Nova.

A mãe de Luan deslocou-se até ao centro de saúde de Idanha-a-Nova, depois de o seu bebé ter sentido um mal-estar, e daí foi mandada para o hospital de Castelo Branco, onde lhe deram alta e receitaram medicamentos. Passado umas horas, o mal-estar continuou e a família regressou ao centro de saúde - que fechava 10 minutos depois. Ainda assim, os profissionais recusaram-se a atender a criança alegando que estava na hora de fecho. O bebé acabou por morrer à porta deste centro de saúde.

Também este caso mereceu a abertura de um inquérito interno para apuração dos factos. O Ministério Público também está a investigar o caso.

Bebé nasce na receção do hospital e bate com a cabeça

Em outubro, um bebé nasceu no chão da receção das urgências do Hospital Santos Silva, no Porto, e durante o momento de expulsão bateu com a cabeça no chão.

A mãe dirigiu-se ao hospital com contrações regulares, mas foi mandada para casa . Duas horas depois, a mulher regressou ao hospital com contrações de quatro em quatro minutos. Enquanto aguardava na receção para ser admitida entrou em trabalho de parto.

A Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE) confirmou este episódio, mas adiantou que a grávida tinha sido assistida na sala de emergência.

O caso gerou de tal forma indignação que levou o pai a apresentar uma queixa formal.

INEM inoperacional devido às condições meteorológicas

Ainda em novembro, o Hospital de Faro solicitou o transporte aéreo de um recém-nascido em estado crítico para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. O helicóptero de Loulé estava, no entanto, inoperacional devido à falta de uma peça médica essencial e questões logísticas. O INEM afirmou, ainda assim, que mesmo que quisesse assegurar esta transferência não poderia devido às "condições meteorológicas". O bebé teve de ser .

Na sequência deste caso, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de esclarecimento. Também a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) "instaurou um processo de avaliação ao caso".

Três mortes associadas a greve no INEM

Em 2024, pelo menos 11 pessoas morreram durante a greve dos técnicos do INEM, que decorreu entre 30 de outubro e 8 de novembro, e ocorreram atrasos significativos na prestação do socorro. O episódio motivou a abertura de sete inquéritos por parte do Ministério Público e o IGAS concluiu que pelo menos três casos estiveram relacionados com atrasos no socorro.

Substituições no INEM e no SNS

Desde que Ana Paula Martins assumiu a função de ministra da Saúde que já foram feitas pelo meos três substituições no INEM.

Em julho, o então presidente do INEM, Luís Meira, apresentou a sua demissão depois de o INEM não ter aberto um concurso público à aquisição de quatro helicópteros de emergência médica. Sérgio Janeiro assumiu posteriormente o cargo, mas acabou substituído pelo médico Luís Mendes Cabral, que assume esta terça-feira funções.

Ainda este ano, o então diretor-executivo do SNS, António Gandra D'Almeida, , depois de a SIC ter noticiado que acomulou funções incompatíveis com o seu cargo durante mais de dois anos . A investigação revelou que assumiu funções de diretor do INEM do Norte e de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão, tendo acumulado mais de €200 mil.

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A lógica da televisão, de facto, não é o seu forte. Se fosse, a escritora Isabela Figueiredo saberia que O Preço Certo é uma âncora inestimável para prender as audiências e carreá-las até ao Telejornal. Qualquer director de programas, em qualquer canal português, daria um dedo para ter tais queijos e enchidos.