Sábado – Pense por si

Que produtos vão os americanos pagar mais caro com as novas tarifas de Trump?

Em retaliação, a China vai implementar tarifas de 15% sobre as importações de frango, trigo, milho e algodão norte-americanos, e 10% sobre a importação de todos os outros produtos agrícolas. Já o Canadá impôs tarifas de 25% sobre 100 mil milhões de dólares em bens e o México só vai divulgar como vai reagir no domingo.

Uma das políticas mais proclamadas por Donald Trump durante a campanha presidencial foi a implementação de tarifas a grandes fornecedores dos Estados Unidos, anunciadas como uma forma de protecionismo económico e que agora se tornaram reais.

Win McNamee/Pool via REUTERS

Na passada terça-feira, 4, foi anunciado que as novas taxas sobre produtos importados do México, Canadá e China iam entrar em vigor. De acordo com as ordens executivas emitidas pela administração Trump, todos os produtos chineses serão sujeitos a uma taxa de 20%, enquanto todos os produtos importados do México, e a maioria vindos do Canadá, estão sujeitos a tarifas de 25%. Já os combustíveis fósseis vindos do Canadá vão ficar sujeitos a uma taxa de 10%.  

Só foram precisos alguns minutos para o Ministério das Finanças chinês reagir e implementar tarifas de 15% sobre as importações de frango, trigo, milho e algodão norte-americanos, além de uma tarifa de 10% sobre a importação de todos os outros produtos agrícolas. Já o Canadá impôs tarifas de 25% sobre 100 mil milhões de dólares em bens ao longo de 21 dias, sem especificar as gamas de produtos que poderiam ser afetadas. A presidente do México referiu que seriam divulgados, no domingo, os próximos passos para reagir às tarifas de Donald Trump.  

Embora a retaliação dos países afetados possa não ter um impacto imediato nos preços, os consumidores vão acabar por sentir os seus efeitos, começando pelos agricultores, fabricantes e outras empresas americanas. Segundo o departamento de estatística dos EUA, em 2024 foram importados mais de 1,3 biliões de dólares em bens vindos destes três países e vários são os especialistas que alertaram para a possibilidade de as tarifas aumentarem os preços de muitos produtos.   

Entre os produtos agrícolas que podem ser afetados, contam-se, por exemplo, os abacates, tomates e morangos provenientes do México. Ainda proveniente do México é esperado que aumentem os valores das cervejas e tequila, apesar de não ser possível prever quanto tempo vai demorar a que a medida se reflita nos preços finais. 

As tarifas aos produtos chineses vão ter especial impacto nos produtos eletrónicos, desde os telemóveis até aos videojogos, que são os produtos que os Estados Unidos mais importaram da China no último ano.  

Já em relação às tarifas ao Canadá, devem, nos próximos meses, aumentar os preços da carne de vaca e do xarope de ácer, sujeitos a uma taxa de 25%. Mais suave deve ser a subida de preços dos combustíveis, sujeitos a mais 10%, isto porque os EUA são muito dependentes do petróleo canadiano: no último ano foram importados 98 mil milhões de euros em petróleo.  

Outro importante fator é que mais de 70% dos materiais de construção, como a madeira macia e o gesso, são importados do México e do Canadá, pelo que nos próximos meses os preços das casas novas ou renovadas também podem sentir os efeitos. 

Será preciso um pouco mais de tempo, devido ao stock ainda existente, mas também os preços dos automóveis devem aumentar porque grande parte das peças são importadas dos vizinhos do norte e sul.  

As pequenas e médias empresas vão ser as mais afetadas pelas tarifas, uma vez que têm menos poder de negociação e importam em menor quantidade.

Ainda em fevereiro, Donald Trump reconheceu que as novas tarifas podem causar "alguma dor" aos norte-americanos, mas garantiu que não aumentarão substancialmente os preços. Já esta segunda-feira, o conselheiro comercial da Casa Branca disse que os efeitos das tarifas seriam relativamente "pequenos" tendo em conta os planos do governo para desregulamentar a indústria, reduzir o tamanho do governo e expandir a produção energética.  

O presidente dos Estados Unidos também já anunciou que planeia implementar tarifas de 25% nos produtos provenientes da União Europeia "muito em breve" porque considera que o bloco foi criado "tramar os Estados Unidos".  

Artigos Relacionados
GLOBAL E LOCAL

A Ucrânia somos nós (I)

É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro