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Primeiro-ministro polaco alertou a Europa que está a entrar numa "fase de pré-guerra"

Andreia Antunes
Andreia Antunes 30 de março de 2024 às 17:20
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Em entrevista a jornais europeus, Donald Tusk alertou para o cenário da Europa caso a Ucrânia seja derrotada pela Rússia, tendo apelado para que os países europeus intensifiquem o investimento na defesa.

Donald Tusk, primeiro-ministro polaco, alertou na sexta-feira, dia 29, que "a Europa está a entrar numa fase de pré-guerra" após a invasão da Ucrânia pela Rússia, guerra para a qual a Europa "não está preparada".

REUTERS/Costas Baltas

"Não quero assustar ninguém, mas a guerra já não é um conceito do passado", afirmou em entrevista à Aliança Europeia de Jornais Líderes, conhecida como LENA. "É real e começou há mais de dois anos."

O primeiro-ministro polaco apelou aos países europeus que intensifiquem o investimento na defesa. "Sei que parece devastador, especialmente para a geração mais jovem, mas temos de nos habituar ao facto de que uma nova era começou: a era pré-guerra. Não estou a exagerar, está a ficar mais óbvio a cada dia."

Donald Tusk referiu ainda que o "mais preocupante é o facto de literalmente qualquer cenário ser possível", sendo que a Europa está a viver "o momento mais crítico" desde o fim da Segunda Guerra Mundial. 

Estes alertas surgiram cinco dias após um míssil russo ter violado o espaço aéreo da Polónia, que decretou estado de alerta, durante vários ataques russos contra o território ucraniano. 

Desde esta violação, Donald Tusk começou a apelar aos líderes europeus para que reforcem o investimento na defesa, de forma a "utilizar melhor o nosso potencial, as nossas capacidades e a nossa força", tendo acrescentado que se a Ucrânia for derrotada pela Rússia, "ninguém na Europa se poderá sentir seguro".

"A nossa principal tarefa deve ser a proteção da Ucrânia contra a invasão russa e a manutenção da Ucrânia como um Estado independente e integral", disse o primeiro-ministro polaco. "Não há nenhuma razão para os europeus não respeitarem o princípio fundamental [da NATO] e gastarem um mínimo de 2% do PIB em defesa. Temos de gastar o máximo que pudermos para comprar equipamento e munições para a Ucrânia, porque estamos a viver o momento mais crítico desde o final da Segunda Guerra Mundial. Os próximos dois anos vão decidir tudo."

Apesar destas declarações, Vladimir Putin, presidente russo, tem rejeitado qualquer intenção de atacar um país da NATO, ideia que foi reiterada pelo mesmo ao referir-se à ideia de que a Rússia se prepara para atacar a Europa como um "absurdo" e um "disparate".

Já a Ucrânia afirmou que as suas forças estão aquém das russas. "Há alguns dias, a vantagem do inimigo em termos de munições disparadas era de cerca de seis para uma", disse Oleksandr Syrskyi , comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas à agência Nacional de Notícias da Ucrânia, Ukrinform. "As forças de defesa estão agora a desempenhar tarefas ao longo de toda a longa linha da frente, com poucas ou nenhumas armas e munições."

O mesmo acrescentou que os russos "aumentaram significativamente a atividade da aviação", tendo apelado para que chegue ajuda "rapidamente e em quantidade suficiente".

O Congresso dos Estados Unidos ainda não aprovou o pacote de ajuda à Ucrânia que tinha sido prometido por Joe Biden, presidente americano, no valor de 60 mil milhões de dólares (cerca de 55 mil milhões de euros).

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