O barco afundou a sul da península de Peloponeso, no mar Jónico. A guarda costeira resgatou 106 pessoas com vida mas teme que ainda existam desaparecidos.
Pelo menos 79 migrantes morreram esta quarta-feira após o barco de pesca onde se encontravam afundar, na costa da Grécia. Cerca de 106 pessoas já foram resgatadas, mas as autoridades referem que não há certezas de quantas pessoas estavam abordo do navio. Este é já um dos maiores desastres com migrantes no mar últimos anos.
REUTERS/Stelios Misinas
A agência para as migrações das Nações Unidas aponta para pelo menos 400 pessoas a bordo, enquanto uma organização que apoia migrantes refere que poderiam estar a bordo 750 pessoas. A Guarda Costeira grega afirmou apenas que "é possível que ainda haja desaparecidos", sem avançar números de possíveis ocupantes.
De acordo com a Alarm Phone, uma organização que se dedica ao resgate marítimo de pessoas a atravessar o Mediterrâneo, quando recebeu uma chamada SOS na terça-feira, foi-lhes dito que estariam 750 pessoas na embarcação. A organização não conseguiu confirmar este número, tendo perdido o contacto com o barco pouco depois da meia-noite, logo após alertar as autoridades.
As autoridades locais afirmam que há indícios que o barco partiu da Líbia e tinha como destino a Itália. A maioria dos passageiros são jovens, com cerca de 20 anos, mas as nacionalidades ainda não foram confirmadas pelas autoridades gregas. Uma fonte anónima do Ministério dos Assuntos do Mar grego indicou à agência Reuters que a maioria viriam do Egito, Síria e Paquistão.
Segundo a guarda costeira, o barco foi visto pela primeira vez na noite de terça-feira pela Frontex, agência de controlo de fronteiras da União Europeia, em águas internacionais, a cerca de 80 quilómetros a sudoeste de Pilos, no sul da Grécia. A polícia marítima foi ao encontro do barco, mas os passageiros recusaram a ajuda e manifestaram querer continuar a viagem. Horas mais tarde o barco afundou.
De acordo com a imprensa local, a presidente da Grécia, Ekaterini Sakellaropulu, deslocou-se até Kalamata para acompanhar a situação. Para a operação de resgate foram mobilizadas sete embarcações, um helicóptero da marinha e um drone que inspeciona a aérea.
Yannis Karvelis, porta-voz da operação de emergência, explicou à imprensa local que instalaram um hospital na área do porto para poder socorrer os passageiros resgatados. Até o momento, 14 imigrantes receberam atendimento no hospital da cidade. Os hospitais de Kalamata, Kyparissia, Sparta e Trípoli estão em alerta, e chegaram várias ambulâncias à capital de Messiniense vinda das cidades vizinhas e de Atenas. Karvelis acrescenta que foi criada uma área de alojamento temporário para os imigrantes nos antigos armazéns do porto de Kalamata, até que uma decisão seja tomada uma decisão sobre os seus realojamentos.
Na manhã de quarta-feira, a guarda costeira conseguiu resgatar outros 80 migrantes que estavam à deriva num veleiro, a sul da ilha de Creta. No domingo, resgataram mais 90 pessoas que estavam a bordo de um iate à deriva, a sul do Peloponeso.
As redes de tráfico de seres humanos utilizam grandes embarcações, como veleiros e barcos de pesca, para se deslocarem da Turquia ou da Líbia para o sul da Itália continental, de onde os imigrantes e refugiados têm acesso mais fácil aos países da Europa Central.
A Grécia é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes do Médio Oriente, Ásia e África. A maioria atravessa para as ilhas gregas a partir da Turquia, mas o número de barcos que faz uma viagem mais longa e perigosa, da Turquia para Itália, tem vindo a crescer. Cerca de 72 mil migrantes chegaram até a alguns países da Europa - Itália, Espanha, Grécia, Malta e Chipre - este ano, de acordo com dados da ONU.
A Organização Internacional para as Migrações informou que cerca de 3.800 pessoas morreram no ano passado nas rotas do Médio Oriente e do Norte de África. Esta região é responsável por metade das mortes de migrantes em todo o mundo. Destas mortes, 2.761 ocorreram no mar.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.