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O que se sabe sobre a colisão entre caças russos e o drone dos EUA

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 15 de março de 2023 às 10:38
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Os Estados Unidos referem que o MQ-9 estava a realizar uma "operação de rotina em espaço internacional" enquanto a Rússia considera a "proximidade com as fronteiras" russas um "motivo de preocupação".

Apósa colisão entre caças russos e um drone norte-americano no Mar Negro, as duas potências militares apresentam versões diferentes sobre o incidente.

REUTERS/Janis Laizans/File Photo

Os Estados Unidos referiram logo na terça-feira que um dos seus drones de inteligência e vigilância Reaper MO-9 foi atingido por caças russos SU-27 enquanto realizava uma "operação de rotina em espaço internacional". De acordo com o departamento de Defesa dos Estados Unidos os caças russos atingiram a hélice do drone, o que levou as forças americanas a derrubar o drone.

James B. Hecker, comandante das Forças Aéreas dos Estados Unidos na Europa e África, referiu existiram vários momentos "antes da colisão em que os Su-27 despejaram combustível e voaram na frente do MQ-9 de forma imprudente, ambientalmente nociva e pouco profissional". Considerando ainda que "este incidente demonstra falta de competência".

Já a Rússia defende que o MQ-9 estava a patrulhar a zona próxima da Crimeia, anexada desde 2014, e que se dirigia para territórios que pertencem ao território russo.

O Ministério da Defesa russo emitiu um comunicado em que explica: "Como resultado de manobras bruscas por volta das 9h30, horário de Moscovo, o veículo aéreo não tripulado MQ-9 entrou num voo descontrolado e a perda de altitude levou a colidir com a água".

A Rússia refere ainda que os sistemas de comunicação externa do drone foram desligados pelo que os caças russos foram enviados com a missão de o conseguirem identificar, esclarecendo: "Os combatentes russos não usaram armas aerotransportadas, não entraram em contacto com o veículo aéreo não tripulado e retornaram com segurança ao aeródromo de origem."

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, considerou que as ações do drone eram inaceitáveis devido à "proximidade com as fronteiras" russas e que eram "motivo de preocupação" uma vez que a Rússia está "ciente das missões para as quais estes drones de reconhecimento e ataque são usados".

"Se, por exemplo, um drone de ataque russo aparecesse perto de Nova Iorque ou São Francisco, como é que a Força Aérea e a Marinha dos EUA reagiriam?", questionou Anatoly Antonov.

Para que servem os drores Reaper MQ-9?

A força aérea dos Estados Unidos classifica os Reapers como um drone "empregado principalmente como um recurso de recolha de inteligência e, secundariamente, pode ser usado contra alvos de execução dinâmicos".

Tendo em conta "o seu tempo de espera significativo, sensores de amplo alcance, conjunto de comunicações com fibra ótica multimodo e armas de procissão", os Estados Unidos consideram que este tipo de drones "fornecem uma capacidade única de realizar ataque, coordenação e reconhecimento".

A força aérea refere ainda que os Reapers podem ser utilizados em missões de "inteligência, vigilância e reconhecimento, apoio aéreo aproximado, busca e salvamento em combate e ataque de precisão". "As capacidades do MQ-9 o tornam excecionalmente qualificado para conduzir operações de guerra irregular como apoio aos objetivos do comandante combatente".

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