Sábado – Pense por si

O dia a dia de quem resiste há um ano

Alfredo Leite, em Kharkiv 05 de março de 2023 às 10:00

Voltar ao passeio diário, pedir cigarros, acolher cães: os pequenos gestos de quem sobrevive no medo. E evita dizer a palavra morte mesmo quando as bombas caem perto.

Talvez seja o gelo enlameado de negro, mais do que o frio cortante, a impedir Orach Maria de sair à rua para o passeio diário só interrompido durante a ocupação russa de Nova Kozacha. A mulher franzina, de olhar doce, vive há 95 anos na aldeia do Norte de Kharkiv, a uns três quilómetros da fronteira com a Rússia, onde agora tudo falta. Antes de fevereiro do ano passado, Maria ainda acompanhava o filho, Alexander, de 70 anos, até à bomba de gasolina da Gazprom, no lado russo junto a Zhuravlevka, para abastecer o decrépito Lada. Esse tempo acabou no dia 24 de fevereiro de 2022.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.