Trump ordenou o envio de 10 jatos e uma frota de navios para o Caribe. Além disso, os EUA estão a oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares por informações que levem à detenção de Maduro. O que está por detrás do conflito?
Depois de os Estados Unidos terem atacado um barco proveniente da Venezuela que transportava "narcoterroristas do [gangue] Tren de Aragua" e de ter sido anunciado o envio de uma frota de navios militares para a América do Sul, agora foi a vez de Donald Trump ter ordenado o envio de 10 jatos F-35 para o Caribe para a realização de operações contra cartéis de drogas, noticiou esta sexta-feira a agência de notícias Reuters.
Tensão EUA-Venezuela: Trump ordena envio de jatos para o Caribe e oferece recompensa por MaduroDR
"Há muito tempo que temos muitas drogas a entrar no nosso país e elas vêm da Venezuela e em grandes quantidades", justificou na terça-feira aos jornalistas o presidente dos EUA.
Inimigos de longa data
Os Estados Unidos e a Venezuela não mantêm relações diplomáticas bilaterais formais desde 2019 - no primeiro mandato de Donald Trump. E mesmo já depois do ex-presidente Joe Biden ter entrado para o poder, em 2021, os laços entre o governo americano e venezuelano continuaram rompidos.
Segundo a rádio alemã DW, este rompimento ocorreu quando a Casa Branca reconheceu o então líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino do país.
"Amanhã queremos dizer isto em nome do povo americano: estamos com ustedes. Estamos convosco, e estaremos convosco até que a democracia seja restaurada e que vocês reclamem o vosso direito à libertade", disse na altura o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, num vídeo partilhado na sua rede social X. "A crise na Venezuela vai piorar até que a democracia seja restaurada. É por isso que os Estados Unidos apoiam a Assembleia Nacional e o Sr. Guaidó. Nicolás Maduro não tem legitimidade para se manter no poder. Nicolás Maduro tem de se ir embora."
As the good people of Venezuela make your voices heard tomorrow, on behalf of the American people, we say: estamos con ustedes. We are with you. We stand with you, and we will stay with you until Democracy is restored and you reclaim your birthright of Libertad. pic.twitter.com/ThzIAqBoRn
Na altura, os EUA chegaram até a impor sanções contra Caracas e Trump sugeriu que uma intervenção militar poderia mudar o regime na Venezuela. "Todas as propriedades e interesses em propriedade do governo da Venezuela que estão nos Estados Unidos estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou de outra forma negociados", diz a ordem executiva assinada por Trump.
Já a 18 de julho deste ano, os EUA e a Venezuela fizeram uma troca de prisioneiros - onde cerca de 250 venezuelanos que estavam retidos numa prisão de alta segurança em El Salvadora foram deportados para o seu país de origem. Na altura, esta notícia chegou até a levantar a hipótese de uma possível reconciliação entre ambos, mas rapidamente a situação se voltou a deteriorar.
Uma semana depois, o governo norte-americano classificou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista internacional e sugeriu que a mesma era liderada pelo atual presidente venezuelano Nicolás Maduro. Justificou esta decisão por se tratar de uma ameaça à paz e segurança dos EUA.
"O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela, é um cartel narcoterrorista. Maduro, na visão deste governo, não é um presidente legítimo, é um chefe fugitivo deste cartel, indiciado nos Estados Unidos por tráfico de drogas", afirmou na terça-feira a porta-voz a Casa Branca, Karolinne Leavitt.
A 7 de agosto, o Departamento de Estado dos EUA também multiplicou a sua recompensa por informações que levassem à detenção de Nicolás Madura, deixando por isso de oferecer 25 milhões de dólares (21 milhões de euros) para passar a oferecer 50 milhões de dólares (42 milhões de euros).
No dia a seguir, a procuradora-geral norte-americana, Pamela Bondi, publicou um vídeo na rede social X a acusar o presidente venezuelano de ser um dos maiores líderes mundiais do narcotráfico e de colaborar com os cartéis de droga Tren de Aragua e Cartel de Sinaloa.
— Attorney General Pamela Bondi (@AGPamBondi) August 7, 2025
Segundo a DW, a autorização dada por Trump para que o Pentágono atue nos cartéis de droga da América Latina trazem indícios de que o presidente dos EUA poderá tentar agora reativar a Doutrina Monroe, criada no século XIX para afirmar a hegemonia dos EUA sobre as Américas, que serviu de pretexto para golpes militares. No governo de Barack Obama, a Casa Branca já havia anunciado que esta doutrina estava "morta".
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