Grupo, que era liderado através de uma prisão, contrata migrantes para os submeter à "servidão por dívida" e usa crianças de 10 anos, "treinadas para assassinatos", para executarem "pequenas tarefas".
O presidente dos Estados Unidos anunciou na terça-feira que as forças norte-americanas realizaram um ataque contra "os narcoterroristas" do Tren de Aragua. Segundo Donald Trump, tudo aconteceu quando os terroristas estavam no mar, "em águas internacionais, a transportar narcóticos ilegais, a caminho dos Estados Unidos". Deste ataque resultaram 11 mortes e nenhum elemento das forças dos EUA ficou ferido.
Veículo blindado AP Photo/Esteban Felix
Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos atacam este gangue. A 20 de janeiro, Donald Trump assinou um decreto que determinava que o Tren de Aragua e o gangue MS-13, de El Salvador, seriam classificados como organizações terroristas estrangeiras. A estes, foram adicionados posteriormente seis outros cartéis de droga mexicanos.
Já em março, o governo norte-americano voltou a gerar polémica ao decidir deportar mais de 200 pessoas, entre as quais se encontravam alegadamente membros do Tren de Aragua, para uma prisão de segurança máxima em El Salvador.
O que é o Tren de Aragua?
O Tren de Aragua foi criado por Johan José Romero, mais conhecido como “Johan Petrica”, que opera agora através das minas do estado de Bolívar, e José Gabriel Álvarez Rojas, "el Chino Pradera”, que morreu durante um confronto com a polícia em 2016.
Este nome foi adotado algures entre 2013 e 2015, apesar de já estar anteriormente operacional. De acordo com um relatório da Transparência Venezuelana, teve origem "nos sindicatos de trabalhadores que atuaram na construção de uma obra ferroviária que ligaria o centro-oeste do país e que nunca foi concluída”, lê-se.
Héctor Rutherford Guerrero Flores, mais conhecido como "Niño Guerrero", era à altura o líder desta quadrilha e comandava todas as operações através da cadeia de Tocorón. Quando as autoridades venezuelanas invadiram esta prisão, em setembro de 2023, encontraram uma piscina e vários restaurantes no seu interior, além de um esconderijo que continha armas, como espingardas, metralhadoras e milhares de cartuchos. Na altura, disseram ter desmantelado a liderança do Tren de Aragua.
Segundo o relatório da Transparência Venezuelana, este gangue é "a maior e mais poderosa organização da Venezuela". Este não só conseguiu expandir por 13 estados da Venezuela como também opera agora em outros países da América Latina. Só no Brasil, por exemplo, contam-se 740 homens, de acordo com o governo brasileiro.
Neste grupo, os traficantes aproveitam-se dos migrantes venezuelanos e colombianos, assim como das suas vulnerabilidades económicas, e submetem-os "à servidão por dívida". Aqui, as crianças de 10, 11 e 12 anos também não escapam e são obrigadas a fazer "pequenas tarefas, como recados". "Elas devem ir a armazéns e lojas para entregar bilhetes ou buscar alimentos. Depois são treinadas para ações criminosas como assassinatos e sequestros", lê-se.
Entretanto, já milhares de pessoas morreram às mãos desta organização. Integrado num exército de mais de 4 mil homens, o grupo "dispõe de armas de guerra e tem uma estrutura hierárquica definida, cara e sólida", detalha ainda o documento ao citar uma investigação publicada em 2021. Em 2015, "roubava 70 veículos por semana, dos quais pelos menos 20 eram motas" e os pagamentos "eram feitos dentro da prisão", recorda ainda o relatório.
Segundo alguns meios de comunicação social, desde 2021, que o Tren de Aragua está em guerra com membros do ELN na Venezuela, isto porque ambos reivindicam o controlo da fronteira com a Colômbia. Segundo o relatório, o Tren de Aragua tem pessoas nas fronteiras para tratar dos carregamentos de droga, ouro e armas. "A sua função é agir em massa como custódia da mercadoria, espalhar o terror nas zonas onde se realiza a ação criminosa para que ninguém se aproxime e, em certos casos, libertar o caminho de obstáculos."
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