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Julgamentos e investigações da invasão do Capitólio em 2021 continuam

É já a investigação mais vasta de sempre na história do Departamento de Justiça, que ainda não conseguiu identificar os responsáveis pela colocação de bombas artesanais à porta dos escritórios dos comités dos partidos Democrata e Republicano, na véspera da invasão. 

Com mais de 1.230 arguidos, 750 sentenças e 450 penas de prisão, os processos resultantes da invasão ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021 ainda decorrem, enquanto Donald Trump aguarda dois julgamentos criminais pelo seu envolvimento. 

invasão capitólio eua
invasão capitólio eua Reuters

Três anos depois da tentativa de insurreição, cuja violência resultou em várias mortes, a agência federal de investigação FBI continua a pedir ajuda ao público para identificar dezenas de indivíduos envolvidos no assalto, incluindo a localização de Evan Neumann, Jonathan Daniel Pollock e Adam Villarreal. 

O mais recente ponto de situação publicado pelo gabinete do procurador-geral do distrito de Columbia, Matthew M. Graves, contabiliza em 2,8 milhões de dólares os danos causados pelo assalto. 

É já a investigação mais vasta de sempre na história do Departamento de Justiça, que ainda não conseguiu identificar os responsáveis pela colocação de bombas artesanais à porta dos escritórios dos comités dos partidos Democrata e Republicano, na véspera da invasão. 

As sentenças tramitadas em julgado vão da detenção em casa a longas penas de prisão. Enrique Tarrio, antigo líder do grupo extremista Proud Boys, foi condenado a 22 anos; Stewart Rhodes, fundador da milícia Oath Keepers, recebeu 18 anos; Joseph Biggs, ex-líder dos Proud Boys, foi condenado a 17 anos. Vários outros receberam entre 12 e 15 anos. 

Ainda assim, as posições do eleitorado em relação ao assalto e à ação judicial estão mais polarizadas que nunca. 

Depois de um período em que a sólida maioria dos eleitores condenou a invasão e a considerou uma ameaça à democracia, a simpatia de uma porção do eleitorado pelos atacantes e por Donald Trump aumentou. 

É o que mostra uma nova sondagem do Washington Post e Universidade de Maryland, segundo a qual apenas 53% dos inquiridos responsabilizam Trump pelo ataque. Essa percentagem era de 60% em 2021. 

A sondagem revela ainda que 25% dos inquiridos acreditam que foi o FBI que instigou o ataque no Capitólio, depois de anos de desinformação por vários órgãos de comunicação de extrema-direita. A percentagem é maior (39%) entre os que dizem ver sobretudo a Fox News e ainda mais elevada (44%) entre os eleitores republicanos. 

Sete em cada dez republicanos consideram que a reação à invasão é exagerada e chegou o momento de deixar o caso para trás.

Esse cenário é improvável tendo em conta que, em 2024, o foco estará nos dois julgamentos criminais de Donald Trump relacionados com a insurreição e a tentativa de subverter os resultados das eleições presidenciais de 2020. 

O Departamento de Justiça acusa Trump de quatro crimes: conspiração para defraudar os Estados Unidos; conspiração para violar direitos civis; conspiração para obstruir a certificação dos resultados eleitorais; e obstrução da certificação dos resultados eleitorais. 

Este processo é federal, resulta da investigação do procurador especial Jack Smith e será conduzido no Distrito de Columbia. A juíza Tanya Chutkan marcou o julgamento para 4 de março, mas pausou os procedimentos enquanto o tribunal de recurso de DC analisa o argumento de imunidade de Trump por ser presidente quando estes eventos ocorreram. 

O segundo processo é estadual e decorre na Geórgia, com investigação liderada pela procuradora-geral Fani Willis. Trump enfrenta 13 acusações relacionadas com a tentativa de reverter a vitória de Biden no estado da Geórgia e enviar eleitores falsos para a votação do Colégio Eleitoral. 

A procuradoria propôs a data de 5 de agosto de 2024 para o início do julgamento. Ao contrário do que acontece nos casos federais, se Trump for condenado não se pode perdoar a si próprio se voltar à Casa Branca, nem receber um perdão do governo da Geórgia. Os perdões são decididos por um organismo independente. 

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