Desde o início do conflito, em 07 de outubro, Biden e Netanyahu já falaram por 14 vezes, a par de diversos contactos que a Casa Branca tem feito com líderes da Arábia Saudita, do Qatar, dos Emirados Árabes Unidos e do Egito, em sucessivas tentativas de evitar que o conflito em Gaza alastre na região.
Prestes a entrar no quarto mês, a guerra Israel-Hamas testa a solidez das relações entre Telavive e Washington e até os democratas no Congresso pressionam a Casa Branca para reavaliar a sua posição no conflito.
Israel Defense Forces/Handout via REUTERS
Em novembro, meio milhar de funcionários de agências governamentais dos EUA enviaram uma carta aberta ao Presidente Joe Biden, protestando contra o seu apoio a Israel na guerra na Faixa de Gaza, confirmando o que vários assessores da Casa Branca temiam: que o conflito no Médio Oriente se poderia transformar num problema em ano eleitoral.
Os próprios democratas no Congresso têm estado a exigir que Biden exerça mais pressão sobre o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, num momento em que prosseguem as manifestações de apoio ao povo palestiniano nas ruas de diversas cidades dos Estados Unidos.
Perante estes sinais, a Casa Branca tem deixado visíveis apelos a que Israel seja cauteloso nos seus ataques na Faixa de Gaza, em particular para que o direito internacional nunca seja violado e para que os civis sejam poupados.
Contudo, assessores de Biden garantem que não há nenhuma discussão sobre uma mudança de posicionamento dos Estados Unidos em relação a Israel e o Departamento de Estado tem-se multiplicado em esforços para dissipar as dúvidas de Telavive sobre o efetivo apoio de Washington.
Na quinta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, voltou a viajar para o Médio Oriente e a primeira paragem do seu périplo é Israel, levando a mensagem de que os Estados Unidos não travarão o apoio, mas ao mesmo tempo para assegurar a comunidade internacional de que Washington não permitirá que este conflito escale, sobretudo depois da morte do número dois do Hamas em Beirute.
Na passada semana, Biden e Netanyahu tiveram uma conversa telefónica que a Casa Branca classificou como "muito tensa", onde o líder norte-americano pressionou Netanyahu a conter os esforços militares a operações cirúrgicas contra líderes do Hamas e a túneis onde operem os setores mais perigosos do grupo islamita, considerado terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e diversos países.
Desde o início do conflito, em 07 de outubro, Biden e Netanyahu já falaram por 14 vezes, a par de diversos contactos que a Casa Branca tem feito com líderes da Arábia Saudita, do Qatar, dos Emirados Árabes Unidos e do Egito, em sucessivas tentativas de evitar que o conflito em Gaza alastre na região.
A Casa Branca também anunciou que está a trabalhar para conseguir um novo acordo de libertação de reféns, para responder à pressão da comunidade internacional - incluindo a União Europeia, que tem sido progressivamente mais crítica sobre a posição de Washington – mas também para sossegar os democratas no Congresso, que não escondem a preocupação com os efeitos que o conflito em Gaza possa vir a ter nos resultados das eleições presidenciais de novembro deste ano.
O provável candidato republicano na corrida, o ex-Presidente Donald Trump, tem andado a espalhar a mensagem de que, se estivesse na Casa Branca este conflito nunca teria existido e faz questão de recordar que, quando mandava na diplomacia, foi responsável pelos Acordos de Abraão, que abriram espaço para um prolongado período de maior tranquilidade entre Israel e Palestina.
Para responder a esta iniciativa republicana, os consultores políticos de Biden estão a aconselhar o Presidente, e também recandidato democrata, a insistir na ideia de que tem sido graças a Washington que Israel tem sido mais contido nos seus ataques em Gaza.
Num recente comício democrata, o governador do Delaware, Chris Coons, assinalou que "Biden é o principal responsável pelo facto de a guerra em Gaza não se ter espalhado a todo o Médio Oriente", em particular pela musculada força militar representada pelos porta-aviões colocados ao largo da região.
"Estamos profundamente gratos pelo apoio da Administração Biden a Israel nesta guerra e nestes dias difíceis", reconheceu Michael Herzog, embaixador israelita em Washington, numa declaração que, contudo, está a ter um impacto negativo a nível interno, sendo interpretada por vários analistas como o reconhecimento de que Washington não tem capacidade para manter uma posição crítica perante os excessos israelitas.
Biden já reconheceu que Israel está a perder o apoio da comunidade internacional, durante uma iniciativa de angariação de fundos para a sua campanha presidencial, criticando os "bombardeamentos indiscriminados" por parte de Israel.
A frase, improvisada perante os jornalistas, acendeu luzes de alerta nos seus assessores, que preferiam que o Presidente seja mais cauteloso nas afirmações críticas a Israel, embora reconheçam que esta postura crítica lhe possa valer votos, sobretudo junto das minorias, que são céticas sobre a política externa norte-americana e se revelam mais recetivos às mensagens assertivas de Trump sobre os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
Os ´media’ norte-americanos têm noticiado o tom cada vez mais tenso nas recentes conversas telefónicas entre Biden e Netanyahu, mas os conselheiros políticos da Casa Branca apenas reconhecem uma alteração na terminologia que está a ser usada pelo Presidente norte-americano.
De resto, a Casa Branca lembra que o Departamento de Estado recentemente concordou em enviar para Israel 147,5 milhões de dólares (cerca de 135 milhões de euros) em armamento, invocando regras de emergência para contornar a resistência do Congresso, onde a própria bancada democrata parece pouco favorável a manter o mesmo nível de apoio de outros tempos.
Entre os congressistas democratas, alguns defendem mesmo que Biden corte o envio de armas para Israel e retire o seu poder de veto no Conselho de Segurança quando se trata de impor sanções a Telavive.
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