Sábado – Pense por si

Irão impede família de Mahsa Amini de viajar para receber Prémio Sakharov

A jovem morreu a 16 de setembro de 2022 às mãos da polícia da moralidade o que acabou por dar origem a meses de manifestações em grande escala contra os líderes políticos e religiosos do Irão, cuja repressão resultou em centenas de mortes e milhares de detenções.

O Irão proibiu familiares da jovem curda que morreu após ter sido detida pelo mau uso do véu de viajar para receber o Prémio Sakharov que lhe foi atribuído a título póstumo, anunciou este sábado uma advogada.

REUTERS/Christian Mang

Os pais e o irmão de Mahsa Amini foram "proibidos de embarcar no voo que os levaria a França para a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov", disse Chirinne Ardakani, advogada da família em França.

Os familiares de Amini foram impedidos "de sair do país à meia-noite de ontem [sexta-feira], apesar de terem vistos" os seus passaportes "foram confiscados", acrescentou, citada pela agência francesa AFP.

O Parlamento Europeu atribuiu em outubro o Prémio Sakharov a Mahsa Amini e ao movimento "Mulheres, Vida e Liberdade", que tem sido reprimido de forma sangrenta pelas autoridades iranianas.

O Prémio Sakharov é a mais alta distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos.

Mahsa Amini morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por usar um véu que não lhe assentava bem.

A morte da jovem de 22 anos deu origem a meses de manifestações em grande escala contra os líderes políticos e religiosos do Irão, cuja repressão resultou em centenas de mortes e milhares de detenções.

"O assassinato brutal de Mahsa Amini marcou um ponto de viragem", disse a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, aquando do anúncio do prémio. "O ‘slogan’ 'Mulheres, Vida, Liberdade' tornou-se um grito de guerra para todos aqueles que defendem a igualdade, a dignidade e a liberdade no Irão", acrescentou.

Em 23 de novembro, o Parlamento Europeu condenou os "assassinatos brutais de mulheres perpetrados pelas autoridades iranianas, incluindo o de Mahsa Amini, vencedora do Prémio Sakharov 2023".

Os eurodeputados apelaram também para a "libertação imediata de todas as vítimas de detenção arbitrária e defensores dos direitos humanos", incluindo a ativista iraniana Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023.

"Enquanto o Prémio Nobel está a decorrer ao mesmo tempo, as autoridades iranianas nunca estiveram tão mobilizadas para impedir que as famílias das vítimas falassem à comunidade internacional", afirmou a advogada Chirinne Ardakani.

Artigos Relacionados
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

Visto de Bruxelas

Cinco para a meia-noite

Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.