Republicano é acusado de ter pagado 122 mil euros a Stormy Daniels para manter o caso extraconjugal, que terá ocorrido entre os dois, em segredo. O pagamento terá sido feito poucos dias antes da eleições de 2016 e encoberto com outros gastos das empresas do ex-presidente.
Donald Trump começa a ser julgado esta segunda-feira depois de, no ano passado, ter sido acusado de 34 falsificações de registos comerciais. Trump é assim o primeiro presidente americano a enfrentar um julgamento criminal e deverá ser ouvido ainda esta segunda-feira, depois da semana passada ter sido marcada peladificuldade na escolha dos juradosque o vão julgar. Se for considerado culpado pode enfrentar quatro anos de prisão.
Este processo ganha ainda outra importância porque se desenrola durante a campanha para as eleições presidenciais deste novembro e é quase certo que Trump será o candidato republicano.
O caso remete para o alegado pagamento de 130 mil dólares (122 mil euros) a Stormy Daniels, estrela de filmes pornográficos, para manter o caso extraconjugal, que terá ocorrido entre os dois, em segredo. O pagamento terá sido feito poucos dias antes das eleições de 2016. Alvin Bragg, o procurador distrital responsável pelo caso, acredita que Trump fez o pagamento através das suas empresas e declarou o montante como despesas legais, escondendo o seu verdadeiro fim e alega ainda que existiam outras histórias negativas que foram abafadas para não prejudicarem a campanha que o colocou à frente da Casa Branca.
A dificuldade prende-se com a necessidade de todos os membros do júri serem imparciais. Também na sexta-feira o juiz Juan Merchan rejeitou a última tentativa do ex-presidente de suspender o caso.
Na sexta-feira o seu advogado, Clifford Robert, argumentou que seria impossível que o ex-presidente tivesse um julgamento justo em Manhattan: "Pensar que um júri imparcial podia ter sido encontrado em tão pouco tempo é insustentável".
Nas redes sociais, Trump já afirmou que "praticamente nunca houve um juiz mais conflituoso do que este" e em declarações para os meios de comunicação locais deixou ainda um ataque à sua filha por trabalhar numa empresa democrata.
Depois deste incidente, que pode ter agravado ainda mais a relação entre o juiz e Trump, o acusado foi proibido de falar sobre a família do juiz.
Donald Trump está a utilizar este processo, assim como os outros em que está envolvido, para se apresentar como vítima, defendendo que se trata de uma "caça às bruxas". Nas suas redes sociais afirmou ainda: "Este julgamento é um concurso longo, manipulado e de resistência, que lida com pessoas desagradáveis e desonestas,que querem destruir o nosso país".
Segundo a atriz, Trump fez-lhe uma proposta e os dois tiveram relações sexuais pouco depois de terem sido apresentados. Anos depois, poucos dias antes das presidenciais de 2016, terá sido contactada por Michael Cohen para estabelecer um acordo para não tornar público o envolvimento.
É também esperado que Michael Cohen testemunhe em tribunal. O advogado começou a trabalhar com Donald Trump em 2006 e declarou-se culpado, em 2018, de crimes federais relacionados com o financiamento da campanha. O advogado afirma ainda ter feito o pagamento secreto a Stormy Daniels, através das empresas de Trump.
Allen Weisselberg estará presente no julgamento mas não é esperado que testemunhe. O ex-diretor financeiro da Organização Trump é considerado uma peça fundamental do pagamento, uma vez que terá desbloqueado os fundos para que o pagamento fosse feito, além de o ter encoberto.
Também Karen McDougal pode ser ouvida. A modelo daPlayboyafirma ter tido um caso extraconjugal com Donald Trump, entre 2006 e 2007, o que o ex-presidente também nega. Karen terá recebido 150 mil dólares (141 mil euros) por parte da empresa de comunicação American Media Inc para não contar a sua história.
Por fim David Pecker, ex-CEO da American Media Inc, também pode ser chamado a depor. David Pecker era o editor doNational Enquirer, que foi acusado de apoiar a campanha presidencial de Trump ao comprar os direitos de várias histórias que poderiam ser prejudiciais para o candidato e depois não as publicava, mantendo as hitórias em segredo.
Este é apenas um dos processos criminais que Trump enfrenta atualmente. A sua influência no ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, está também a ser investigada, assim como os documentos confidenciais da presidência que guardava na sua casa em Mar-a-Lago. No entanto, não está claro se alguns destes casos vão ser julgados antes das eleições.
Apesar de todas estas polémicas o ex-presidente está prestes garantir que será o próximo candidato presidencial republicano, existindo mesmo algumas sondagens onde é apresentado como vencedor das eleições deste ano, que disputará contra o atual presidente, Joe Biden.
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