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Jurados para julgamento de Donald Trump quase escolhidos

É o único processo que deverá estar concluído antes das eleições presidenciais. Em causa, está o pagamento feito à atriz pornográfica Stormy Daniels.

Os jurados do único julgamento de Donald Trump que deverá decorrer antes das eleições presidenciais norte-americanas deverão ser todos escolhidos esta sexta-feira. Após ter sido fechado o grupo de 12 jurados, falta selecionar seis jurados suplentes. O julgamento, relacionado com o pagamento feito à atriz pornográfica Stormy Daniels, deverá decorrer ao longo do mês de maio.

Jabin Botsford/Pool via REUTERS

Durante o processo, dois jurados foram afastados. Era esperado que a constituição de um júri imparcial demorasse semanas, mas a seleção avançou rapidamente depois de a equipa de Trump ter esgotado o número permitido de objeções.

"Temos o nosso júri", declarou o juiz Juan Merchan na quinta-feira, dia 18, após terem sido selecionados sete homens e cinco mulheres.

O julgamento é acerca do pagamento de 130 mil dólares (cerca de 121 mil euros) a Stormy Daniels, com quem o antigo presidente teve um caso antes das eleições presidenciais de 2016. Donald Trump foi acusado de falsificar 34 registos comerciais como parte de um esforço para evitar um escândalo nunca época em que estava na corrida à Casa Branca. Trump nega as acusações.

Esta sessão de seleção do júri teve o seu primeiro contratempo após o juiz Merchan ter dispensado dois membros do júri que tinham sido nomeados esta semana.

A jurada número 2 – as identidades dos jurados vão permanecer anónimas no processo por razões de segurança – pediu escusa porque se apercebeu que não podia continuar a ser imparcial após amigos e familiares terem descoberto, através dos órgãos de comunicação social, que tinha sido escolhida como jurada. Começaram a bombardeá-la com mensagens.

"Não acredito que, nesta altura, possa ser justa e imparcial", disse durante a sessão. "Podia ser difícil não deixar que as opiniões externas afetassem a minha decisão no tribunal."

De acordo com a BBC, a saída da jurada também se deveu aos pormenores expostos acerca do juri pela comunicação social. Perante este episódio, o juiz repreendeu os jornalistas por revelarem demasiado sobre as descrições físicas dos jurados.

"Acabámos de perder o que provavelmente teria sido um excelente jurado para este caso", disse o juiz. "Recomendo à imprensa que aplique simplesmente o bom senso e se abstenha de tudo o que tenha a ver, por exemplo, com descrições físicas. Não é necessário, não serve para nada."

O jurado número 4 também foi dispensado após os procuradores terem descoberto que não foi sincero no questionário do júri sobre o seu cadastro. Descobriram que tinha sido preso nos anos 90 por destruir cartazes políticos. Também afirmaram que a mulher do jurado tinha estado envolvida num caso de corrupção investigado pelo Gabinete do Procurador Distrital de Manhattan.

Esta caça aos jurados imparciais continuou durante a tarde e houve 96 candidatos. Mais tarde, sete destes prestaram o juramento perante o juiz. Neste momento, falta apenas escolher cinco jurados como reserva, processo que continuará nesta sexta-feira.

Na fase inicial da seleção do júri, o juiz começou por dispensar dezenas de jurados pelo facto de afirmarem que não conseguem julgar Donald Trump de forma imparcial. Vários jurados chegaram a criticar em tribunal o antigo presidente. "Ele é muito egoísta, não aprecio isso em nenhum funcionário público", disse um dos potenciais jurados.

No entanto, apesar de muitos dos potenciais jurados terem criticado a política de Trump, insistiram que poderiam manter a mente aberta durante o julgamento e, potencialmente, dar um veredicto de não culpado.

Ao sair do tribunal na quinta-feira, dia 18, à noite, Trump mostrou dezenas de artigos da imprensa, tendo criticado que as acusações eram "puramente políticas". "É uma coisa muito injusta, muito má", disse o ex-presidente. "O mundo inteiro está a assistir a esta farsa."

Donald Trump também tem feito várias críticas ao processo nas suas redes sociais, tendo ainda republicado uma citação do jornalista da Fox News, Jesse Watters, onde mencionava que ativistas liberais estavam a tentar entrar no júri.

Donald Trump enfrenta ainda outros julgamentos que envolvem as suas ações a 6 de janeiro de 2020, quando tentou subverter os resultados das eleições de 2020 na Geórgia e acusações relacionadas com a manutenção de documentos confidenciais na sua estância na Florida, Mar-a-Lago, depois de ter deixado o cargo.

Apesar destas dificuldades legais, o antigo presidente dominou a corrida à nomeação republicana para 2024 e eliminou todos os seus rivais.

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