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França: distúrbios continuam após morte de jovem de 17 anos baleado pela polícia

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 29 de junho de 2023 às 10:03
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A mãe da vítima convocou uma marcha para a tarde desta quinta-feira na zona de Nanterre em homenagem a Nahel, o seu único filho.

França viveu mais uma noite de protestos após a morte de um jovem de 17 anos ter sido morto a tiro durante uma operação de STOP. Desta vez as manifestações, a que atendem maioritariamente jovens, ocorreram em mais cidades e geraram mais confronto com as forças policiais.

Emmanuel Macron, presidente francês já convocou uma unidade de crise interministerial. Apesar de o líder considerar a morte do jovem "inexplicável e imperdoável" referiu também que as "cenas de violência" vividas nas duas últimas noites contra "instituições da República" são "injustificáveis".

Apesar de as manifestações de quarta-feira terem começado de uma forma pacifica os confrontos acabaram por ocorrer em cidades como Toulouse, Dijon, Lyon e Paris, só para a capital francesa tiveram de ser mobilizados cerca de dois mil polícias.

Na zona de Nanterre, nos subúrbios de Paris, vários manifestantes cobriram a cara com máscaras e lançaram material pirotécnico contra as forças de segurança. Mais de uma dúzia de carros e caixotes do lixo acabaram incendiados e as paredes foram pintadas com as palavras de ordem; "Justiça para Nahel" e "Polícias matam".

Já na região mais a sul da capital um grupo obrigou um autocarro a parar e retirar todos os passageiros para depois o incendiar.

O ministro da Administração Interna referiu esta manhã que foi "uma noite de violência intolerável contra os símbolos da República: câmaras municipais, escolas e esquadras de polícia incendiadas ou atacadas", Géral Darmanin avançou ainda que 150 pessoas acabaram detidas.

Nahel tinha apenas 17 anos e foi baleado, em Nanterre, à queima-roupa na terça-feira de manhã por polícias durante uma operação STOP após uma tentativa de fuga. Este incidente reacendeu o debate sobre as táticas policiais no país, há muito criticadas por grupos de ativistas pela proteção dos direitos humanos, especialmente no que diz respeito a ações sobre pessoas de bairros sociais e minorias étnicas.

A mãe do jovem convocou uma marcha para a tarde desta quinta-feira na zona de Nanterre em homenagem ao seu único filho.

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