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EUA e Reino Unido instam cidadãos nacionais a abandonar o Líbano

Em causa estão os receios crescentes de uma guerra total entre Israel e o Hezbollah libanês.

A Embaixada dos Estados Unidos no Líbano e o governo britânico instaram, este sábado, os seus cidadãos a abandonar o país. Os norte-americanos indicaram aos seus cidadãos para comprarem "qualquer bilhete de avião disponível", enquanto os britânicos aconselharam à saída "agora" "enquanto as ligações comerciais estiverem disponíveis". Em causa estão os receios crescentes de uma guerra total entre Israel e o Hezbollah libanês.

REUTERS/Emilie Madi

Apesar das suspensões e cancelamentos de voos para Beirute, capital do país, "as opções de transporte comercial para sair do Líbano continuam disponíveis", afirmou a embaixada norte-americana, em comunicado citado pela AFP. "Encorajamos aqueles que desejam deixar o Líbano a reservar qualquer bilhete disponível, mesmo que esse voo não parta imediatamente ou siga a rota da sua escolha", refere a mesma nota.

"As tensões são elevadas e a situação pode deteriorar-se rapidamente (...). A minha mensagem para os cidadãos britânicos é clara: saiam agora", declarou, por sua vez, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy.

Os receios de uma conflagração regional aumentaram hoje no Médio Oriente, onde os Estados Unidos reforçaram as suas forças militares, na sequência do assassinato atribuído a Israel do líder do Hamas e da morte, num ataque israelita, de um alto responsável do Hezbollah, que Teerão e o movimento libanês prometeram vingar.

Perante "a possibilidade de uma escalada regional por parte do Irão e dos seus parceiros", Washington anunciou na sexta-feira "alterações à postura militar dos Estados Unidos" para "melhorar a proteção das forças armadas norte-americanas, reforçar o apoio à defesa de Israel e garantir que os EUA estão preparados para uma série de contingências".

O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na quarta-feira em Teerão, foi sepultado na sexta-feira num cemitério perto de Doha, após uma homenagem prestada por milhares de fiéis na capital do Qatar, onde vivia no exílio. Jurando vingança, Irão, Hamas e Hezbollah acusaram Israel do assassínio, que ocorreu um dia depois de um ataque israelita ter matado o chefe militar do movimento islamita libanês, Fouad Shukr, perto de Beirute.

Estes dois ataques alimentam o receio de um prolongamento da guerra entre Israel, por um lado, e o Irão e os grupos que apoia no Líbano, na Síria, no Iraque e no Iémen, por outro.

Hoje, o representante do Irão na ONU disse que esperava que o Hezbollah atacasse "profundamente" em território israelita e "não se limitasse a alvos militares". O movimento xiita, aliado do Hamas, tem trocado tiros com o exército israelita ao longo da fronteira israelo-libanesa, quase diariamente, desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento palestiniano a Israel, a 07 de outubro de 2023.

Ismail Haniyeh, 61 anos, foi morto por um "projétil aéreo", segundo os meios de comunicação iranianos, numa residência de veteranos em Teerão, depois de ter assistido à cerimónia de tomada de posse do presidente iraniano, Massoud Pezeshkian. No entanto, de acordo com o exército israelita, o único ataque realizado nessa noite no Médio Oriente foi o de Beirute, que matou Fouad Shukr num reduto do Hezbollah, o seu guarda-costas e cinco civis.

O líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, ameaçou Israel com um "castigo severo", enquanto o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, avisou para uma "resposta inevitável". Telavive e Haifa "estão entre os alvos", escreveu hoje o diário ultraconservador iraniano Kayhan, prevendo "dolorosas perdas humanas".

Mas, segundo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Israel está num "nível muito elevado" de preparação para qualquer cenário, "tanto defensivo como ofensivo".

No sábado, a Suécia anunciou o encerramento da sua embaixada em Beirute, depois de ter aconselhado milhares de cidadãos a abandonar o país, e a França apelou aos seus cidadãos que visitam o Irão para que partam "o mais rapidamente possível".

De acordo com uma fonte de segurança libanesa, um membro do Hezbollah foi morto hoje num ataque de um "drone israelita" a um veículo no sul do Líbano.

O ataque perpetrado a 7 de outubro de 2023 pelo Hamas a partir de Gaza contra o sul de Israel causou a morte a cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais israelitas. Das 251 pessoas raptadas na altura, 111 continuam detidas em Gaza, 39 das quais morreram, segundo o exército.

A ofensiva israelita lançada em resposta em Gaza custou até agora 39.550 vidas, segundo dados hoje atualizados pelo Ministério da Saúde do Governo de Gaza, que não deu qualquer indicação sobre o número de civis e combatentes mortos.

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