O presidente norte-americano tem a intenção de interferir ativamente nas eleições europeias, direcionar as relações transatlânticas em direções a valores mais conservadores e juntar os líderes populistas no tema da liberdade de expressão.
O governo de Donald Trump está a travar uma guerra cultural na Europa ao promover agressivamente os seus aliados políticos e ideológicos próximos do movimento MAGA (Make America Great Again) e humilhar publicamente a União Europeia. Estas são algumas das conclusões de um relatório redigido pelo Conselho Europeu de Negócios Estrangeiros (ECFR, na sigla em inglês) e pela Fundação Cultural Europeia.
Trump apoia aliados europeus numa guerra culturalManuel Balce Ceneta/ AP
O estudo argumenta que o presidente norte-americano tem a intenção de interferir ativamente nas eleições europeias, direcionar as relações transatlânticas em direções a valores mais conservadores e conseguir juntar os líderes populistas da direita europeia em torno do tema da liberdade de expressão.
Tendo por base pesquisas e questionários feitos nos 27 Estados-membros da UE, os autores do estudo acreditam que existe um número suficiente de governos pró-UE e que a maior parte da população tem um forte sentimento europeu, o que permite “defender uma Europa que escreve o seu próprio roteiro”. Ainda assim o relatório alerta que a forma como os líderes da EU lidam com Trump, com divisões, hesitações e uma abordagem de “bajular, apaziguar e distrair” encoraja o comportamento do líder norte-americano.
Assim sendo é referido que os líderes europeus gastam muita energia a reagir a crises criadas propositadamente por Trump e os seus aliados europeus, como Viktor Orbán, Giorgia Meloni e Robert Fico – Hungria, Itália e Eslováquia. As discussões sobre as tarifas norte-americanas, gasto com a Defesa, preocupações com a imigração e a liberdade de expressão são alguns dos temas referidos como exemplos de áreas onde Trump pode ter interferência.
Pawel Zerka, analista chefe do ECFR, afinou que “na guerra cultural de Trump, a própria Europa é o alvo” antes de recordar para as declarações de JD Vance, em fevereiro de 2025, quando considerou que a Europa se estava a “afastar de valores fundamentais partilhados”. Para o investigador esse foi o momento em que a guerra foi declarada.
Desde a Conferência de Segurança de Munique que Trump “revelou ainda mais a sua posição ao excluir os líderes da UE das negociações sobre o futuro da Ucrânia, atacando os principais partidos políticos em todo o continente e extorquindo as instituições de Bruxelas nas negociações comerciais”.
O relatório faz referência à forma como Karol Nawrocki foi recebido na Casa Branca e promovido por Trump nas redes sociais quando era candidato à presidência polaca referindo que este é um exemplo de como o republicano está a tentar “mover o centro de gravidade ideológico da política europeia”. Karol Nawrocki acabou mesmo por vencer as eleições.
Pawel Zerka alerta que Bruxelas tem de “aceitar que está numa guerra cultural” e que deve agir tendo isso em conta, o que “não significa que a Europa deva estar sempre a provocar Trump”: “Às vezes é preciso ganhar tempo”. O estudo sugere que a solução deve passar por explorar os pontos fortes do Bloco para que tenha a capacidade de “prosperar em vez de sofrer numa ordem mundial cuja desestabilização foi acelerada pelo presidente dos Estados Unidos”.
Dados do Eurobarômetro mostram que a confiança dos cidadãos europeus na UE está no nível mais alto desde 2007 e que a chegada de Trump à Casa Branca fez com que aumentasse em doze países.
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A condenação do CSMP assenta na ultrapassagem das limitações estatutárias quanto à duração dos mandatos e na ausência de fundamentos objetivos e transparentes nos critérios de avaliação, ferindo princípios essenciais de legalidade e boa administração.
A frustração gera ressentimento que, por sua vez, gera um individualismo que acharíamos extinto após a grande prova de interdependência que foi a pandemia da Covid-19.