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Eleições municipais e regionais em Espanha provocam "descalabro" socialista

PSOE liderava nove executivos regionais das 12 regiões autónomas que tiveram eleições no domingo. Mas perdeu mais de metade.

A imprensa espanhola destaca esta segunda-feira "o descalabro" do partido socialista (PSOE) e do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, nas eleições municipais e regionais de domingo em Espanha e como o PP "arrasou" com uma vitória "sem paliativos".

REUTERS/Juan Medina

"O PP arrasa em Madrid e multiplica o seu poder territorial", lê-se na manchete da edição impressa de hoje do jornalEl País, que no editorial escreve que o Partido Popular (direita) conseguiu no domingo "um êxito sem paliativos", embora enfrente agora a decisão de aceitar ou não alianças com o VOX (extrema-direita) para governar várias regiões autónomas e cidades espanholas.

Num outro título, o mesmo jornal escreve que foi o "antisanchismo" que levou o PSOE a esta derrota e prejudicou vários barões regionais e locais do partido.

O jornalEl Mundoescreve também que "o PP arrasa e o castigo a Sánchez apaga o PSOE do mapa". No editorial, o diário defende que "Espanha castiga a forma de governar de Sánchez" e que o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, "impulsiona a mudança" num país governado pelos socialistas desde 2018 e que terá dentro de seis meses, em dezembro, eleições legislativas nacionais.

Para oEl Mundo, as eleições de domingo, que Feijóo transformou num referendo ao "sanchismo", acabaram por ditar uma condenação às "alianças com populistas e independentistas" de Pedro Sánchez, que governa Espanha coligado com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos e que tem feito pactos com partidos catalães e bascos para aprovar leis como os orçamentos do Estado.

OABC, outro jornal de âmbito nacional espanhol, escreve igualmente que o "PP arrasa e Sánchez arrasta o PSOE para o descalabro" e que a "perda de poder territorial" por parte dos socialistas "não encontra precedentes".

OLa Vanguardia, que se publica na Catalunha, destaca hoje que o PP ganhou as eleições numa noite "aziaga" para o PSOE, que Feijóo "se consolida" face às legislativas nacionais "com uma reviravolta no mapa territorial e em número de votos" e que "Sánchez sofre um duro golpe a apenas meio ano das eleições gerais".

O mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais de domingo, que o PP ganhou, reivindicando o início de um "novo ciclo político" no país.

O PSOE, à frente do Governo nacional desde 2018, liderava os executivos regionais de nove das 12 regiões autónomas que tiveram eleições no domingo e perdeu mais de metade, conservando apenas quatro: Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra.

Já o PP, que só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia), poderá ficar a liderar oito, a que se juntam Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.

Nas eleições municipais, que se realizaram em todo o país, o PP foi também o partido globalmente mais votado, conseguiu uma maioria absoluta na capital espanhola, Madrid, e conquistou à esquerda grandes cidades, como Sevilha e Valência.

A esquerda teve ainda uma derrota em Barcelona, a segunda maior cidade do país que governava com uma coligação de várias forças e movimentos desde 2015.

Ao contrário do que previam a generalidade das sondagens, em Barcelona venceu no domingo o partido independentista de direita Juntos pela Catalunha (JxCat), embora sem uma maioria que lhe garanta a liderança da autarquia, sendo agora necessário ver que alianças pós-eleitorais se vão formar.

O líder do PP reivindicou já na madrugada de hoje uma vitória clara nas eleições, considerando-as o início de "um novo ciclo político" no país.

"Espanha iniciou um novo ciclo político", disse Alberto Núñez Feijóo, o antigo presidente do governo regional da Galiza que foi eleito líder do PP há pouco mais de um ano e que teve no domingo o seu primeiro teste eleitoral.

Quem também reivindicou vitória foi o VOX, tanto nas regionais, onde aumentou a representação nos parlamentos autonómicos, como nas municipais, onde alcançou 7,19% dos votos globais (tinha tido 3,56% nas autárquicas anteriores).

Para o líder do partido da extrema-direita, Santiago Abascal, no domingo, o VOX "consolidou-se como projeto nacional" e como partido "absolutamente necessário" para construir uma alternativa à esquerda em Espanha.

Pedro Sánchez não fez declarações e coube à porta-voz do PSOE e ministra da Educação, Pilar Alegria, fazer uma breve declaração aos jornalistas em que admitiu o "mau resultado".

Líderes regionais dos socialistas admitiram também a derrota e falaram num "tsunami" que atingiu o PSOE por todo o território.

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