A vitória de Mamdani é um alívio para o Partido Democrata, que tenta recuperar o fôlego após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 e a um ano das eleições intercalares.
O democrata Zohran Mamdani venceu na terça-feira as eleições para presidente da câmara (mayor) da cidade norte-americana de Nova Iorque com mais de 50% dos votos, de acordo com projeções com mais de 80% dos boletins contabilizados.
Zohran Mamdani, Democrata, vence para a câmara de Nova Iorque
Mamdani, de 34 anos, será o mayor mais jovem de Nova Iorque desde 1892 e também o primeiro muçulmano, depois de vencer o independente Andrew Cuomo e o republicano Curtis Sliwa, de acordo com o resultado ainda provisório, mas avançado já por órgãos como a Associated Press, CNN ou NBC News.
É também a primeira vez desde 1969 que mais de 2 milhões de pessoas votam na cidade.
De acordo com os resultados provisórios, com mais de 80% dos votos contabilizados, Mamdani ultrapassa os 50% dos votos registados (50,5%), seguido por Cuomo (41,3%) e Sliwa (7,3%).
O político democrata progressista, que surpreendeu ao derrotar Cuomo nas primárias do partido, apesar da pouca experiência como deputado estadual, conquistou os nova-iorquinos com promessas de transportes e creches gratuitas, alojamento a baixos preços e uma rede de lojas administradas pela cidade com preços baixos para enfrentar o alto custo de vida na 'Big Apple'.
A orientação socialista de Mamdani, a favor da causa da Palestina, suscitou desconfiança entre alguns líderes do Partido Democrata e moderados, enquanto o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o classificou de “comunista”, e inimigo dos judeus.
Trump, também nova-iorquino, manteve a atenção na disputa pela liderança da cidade, reiterando ameaças de cortes de fundos à cidade, se Mamdani fosse eleito, garantindo ainda que apenas atribuiria “o mínimo indispensável” ao seu “amado primeiro lar” porque, com um “comunista”, “a cidade, outrora grandiosa, tem ZERO hipóteses de sucesso ou sobrevivência”.
Os nova-iorquinos deram o apoio a Mamdani em detrimento de Cuomo, cuja campanha foi fortemente apoiada por vários magnatas, tanto democratas como republicanos, ainda que continue a ser criticado pelas acusações de assédio sexual que o obrigaram a demitir-se do cargo de governador estadual em 2021.
Mamdani conseguiu inspirar a população jovem, que se juntou num exército de voluntários, apoiante da campanha. O candidato democrata lotou no mês passado um estádio em Queens com capacidade para 10 mil pessoas, num comício sob o slogan “Nova Iorque não está à venda”, no qual participou a dupla formada por Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, figuras da ala mais à esquerda dos democratas, que o apoiaram.
Entre outras vozes que se juntaram à campanha de Mamdani pontuaram figuras como a governadora estadual, Kathy Hochul, e a procuradora estadual, Letitia James, bem como o líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, mas não o líder do Senado, Chuck Schumer, nem o antigo presidente Barack Obama, entre outros.
A vitória de Mamdani é um alívio para o Partido Democrata, que tenta recuperar o fôlego após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 e a um ano das eleições intercalares.
Resta saber como a vitória de um político da ala mais progressista do Partido Democrata se inscreve nas políticas do partido no âmbito nacional, especialmente porque Nova Iorque é um feudo tradicionalmente democrata e porque a campanha teve uma forte componente local.
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