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Em entrevista Boaventura de Sousa Santos diz que as denúncias de assédio sexual de que foi alvo têm por base sentimentos de "vingança" e negou a necessidade de pedir perdão.
Boaventura de Sousa Santos negou novamente as acusações de assédio sexual e moral de que foi alvo em 2023, desta vez em entrevista ao jornal espanhol El País. O sociólogo admitiu a possibilidade de terem existido irregularidades no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, mas garantiu que não foram cometidas por ele.
Marisa Cardoso
Questionado sobre a necessidade de pedir perdão, afirmou: "Não tenho de pedir perdão. Criei uma grande instituição que nasceu com meia dúzia de gatos pingados em 1978 e que é hoje responsável por 17% dos doutoramentos da Universidade de Coimbra".
As primeiras denúncias de assédio sexual e moral que dizem respeito ao sociólogo foram feitas por investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, num artigo chamado As paredes falaram quando mais ninguém o fez, que foi publicado no livro Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade. Apesar do artigo não fazer referência direta ao sociólogo, o próprio assumiu que era o "star professor" referido nas acusações.
Agora, em entrevista ao jornal espanhol, afirmou que nada correu mal no centro de estudos e que as acusações de que foi alvo nada tinham a ver com o assédio sexual, mas sim com sentimentos de "ressentimento" e "vingança" por parte de uma investigadora. Além disso, relembrou a ação judicial que colocou contra as investigadoras para defesa de bom nome no Tribunal de Coimbra. O processo teve início em novembro de 2024 e está neste momento suspenso devido a problemas técnicos.
Em declarações ao El País, também repetiu as declarações que prestou durante uma entrevista à CNN em março: "Qualquer homem da minha idade que diga que, nos anos 1960 ou 1970, não fez um piropo ou um galanteio a uma mulher, ou é mentiroso ou hipócrita. E qualquer mulher desta idade, que também naquela época, recebeu um piropo ou um galanteio e nunca gostou é mentirosa ou hipócrita". Acrescentou que "estes são atos sexistas à luz da cultura que temos hoje".
Sobre as mulheres que o acusam, refere que só teve relações profissionais com quatro delas e que as acusações serviram para se promoverem a si próprias "à custa da destruição da minha reputação". "A minha reputação foi arruinada", lamentou.
As conclusões da comissão independente (levada a cabo pelo CES) davam conta de indícios de abuso de poder e assédio. Em abril de 2023, após as denúncias, Boaventura de Sousa Santos e o investigador Bruno Sena Martins foram suspensos dos cargos que ocupavam no centro de estudos.
O sociólogo, de 84 anos, é professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e fundou o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em 1978, tendo-se demitido do centro o ano passado, após reportagem da SÁBADO.
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