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Boaventura de Sousa Santos demite-se do CES após reportagens da SÁBADO e do Now

Diogo Barreto
Diogo Barreto 26 de novembro de 2024 às 14:36
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O académico diz estar a ser alvo de um “linchamento”. Nas últimas semanas, a SÁBADO tem divulgado várias denúncias contra o antigo diretor do Centro de Estudos Sociais.

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos demitiu-se do cargo de diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES), pode ler-se num comunicado enviado esta terça-feira aos elementos do centro de investigação da Universidade de Coimbra, a que aSÁBADOtambém teve acesso.

Boaventura Sousa Santos
Boaventura Sousa Santos Marisa Cardoso / Sábado

O sociólogo é um dos três visados por acusações de assédio sexual, moral e extractivismo intelectual por várias alunas que passaram pelo CES. O Repórter SÁBADO divulgou várias destas denúncias nas últimas semanas.

O académico refere na carta a que a SÁBADO teve acesso que a Comissão Independente criada depois das primeiras denúncias "não imputou crimes nem faltas graves a nenhuma das pessoas denunciadas. Que, aliás, não foram identificadas." Porém, acusa a atual direção de ter tomado "uma ação política parcial" ao publicar "uma carta pedindo desculpa às vítimas, sem dar o benefício da dúvida aos muitos investigadores visados nesse capítulo". Boaventura de Sousa Santos constata que desde essa carta que o seu nome "tem vindo a ser o mais atingido na guerra mediática que se abriu contra mim, em que o tom é sempre o da condenação prévia".

Boaventura ataca a atual direção do CES, afirmando que foi sempre seu objetivo expulsá-lo da instituição. "Não tenho dúvidas de que a direção do CES age de modo parcial, com total violação das regras do direito democrático (presunção de inocência), politicamente motivada, devido às disputas internas na instituição", acusa.

Boaventura de Sousa Santos garantiu que, desde o primeiro minuto, tentou sempre colaborar com os processos de esclarecimento, tentando "evitar os circos mediáticos" e fazer deste um processo "justo para todas as partes". "Para isso é fundamental saber de que sou acusado, razão pela qual solicitei o acesso à documentação pertinente para poder exercer a minha devida defesa, por todos os meios possíveis. Não só a direção do CES mentiu sobre a minha posição, como me negou repetidamente o acesso a qualquer documentação que me permitisse compreender, de uma vez por todas, o que é que me é imputado e do que é que tenho de me defender", escreve o sociólogo.

O sociólogo cita ainda excertos das conclusões do relatório divulgado em março deste ano para atestar com a sua inocência: "a documentação apresentada e as audições realizadas, tanto de pessoas denunciantes como de pessoas denunciadas, não permitiram esclarecer indubitavelmente a existência ou não da ocorrência de todas as situações comunicadas à CI".

Por isso, anuncia que "em breve serão tornados públicos todos os documentos que sustentam a minha versão dos factos. Faço-o com um misto de tristeza, mas também de alívio, porque não me revejo minimamente na instituição que é hoje o CES. Dedicarei as minhas forças aos processos judiciais e espero que um dia a verdade fale mais alto."

O investigador Boaventura de Sousa Santos anunciou, no final de setembro, que intentou uma ação cível para tutela da personalidade no Tribunal de Coimbra, com a qual procura assegurar a proteção do seu bom nome e honra, face às acusações do coletivo de mulheres.

Com Cláudia Rosenbusch

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