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ONU conclui que Israel e Hamas cometeram crimes de guerra

Andreia Antunes 12 de junho de 2024 às 15:01

Os relatórios divulgados nesta quarta-feira afirmam que ambas as partes cometeram crimes de guerra, incluindo tortura, assassinato, ultrajes à dignidade pessoal e tratamento desumano e cruel.

Tanto Israel como o Hamas cometeram crimes de guerra nas fases iniciais da guerra em Gaza e as ações atuais de Israel também constituíram crimes contra a humanidade devido às imensas perdas de civis, concluíram dois relatórios paralelos da Comissão de Inquérito das Nações Unidas, sendo um centrado nos ataques do Hamas a Israel a 7 de outubro de 2023 e outro na resposta de Israel.

REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

Divulgados esta quarta-feira em Genebra, os relatórios abrangem o conflito até ao final do mês de dezembro, tendo concluído que ambas as partes cometeram crimes de guerra, incluindo tortura, assassinato, ultrajes à dignidade pessoal e tratamento desumano e cruel.

Investigadores afirmaram que Israel cometeu outros crimes de guerra, como o uso da fome como método de guerra, sendo que não forneceram bens essenciais como água, alimentos e medicamentos aos habitantes de Gaza, e por terem "impedido o fornecimento dessas necessidades por qualquer outra pessoa".

"O imenso número de vítimas civis em Gaza e a destruição generalizada de casas e infraestruturas civis foram o resultado inevitável de uma estratégia empreendida com a intenção de causar o máximo de danos, ignorando os princípios da distinção, proporcionalidade e precauções adequadas", afirmou a comissão em comunicado, acrescentando que alguns dos crimes de guerra de Israel constituem também crimes contra a humanidade.

Com estas conclusões, assim como as provas recolhidas pelos organismos mandatados pela ONU, podem vir a ser utilizados pelo Tribunal Penal Internacional. Já no mês passado, os procuradores solicitaram mandados de captura para Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, o seu ministro da Defesa e três líderes do Hamas por alegados crimes de guerra.

A guerra teve início a 7 de outubro, quando militantes do Hamas entraram em Israel e mataram cerca de 1.200 israelitas, e fizeram mais de 250 reféns. A retaliação de Israel já causou a morte de mais de 37 mil palestinianos, tendo ainda deslocado a maior parte da população em Gaza, cerca de 2,3 milhões.  

Apesar do relatório, Israel, que já veio rejeitar quaisquer conclusões como o resultado de um "preconceito anti-israelita", mantém a ofensiva no centro e no sul de Gaza.

Palestinianos de Gaza relataram à Reuters que as forças israelitas bombardearam várias zonas do enclave nesta quarta-feira, enquanto os tanques continuavam a avançar para norte de Rafah, cidade onde estão albergados pelo menos um milhão de pessoas.

As Forças de Defesa Israelitas (IDF) afirmaram que nas últimas 24 horas, tinham "eliminado uma série de células terroristas armados em confrontos a curta distância" na área de Rafah e destruído estruturas equipadas com explosivos. A aviação israelita também atingiu uma célula armada do Hamas e um armazém de armas no centro de Gaza.

Negociações para um cessar-fogo

Enquanto Israel prossegue com os ataques, os Estados Unidos, Egito e Qatar tem estado em negociações para um novo cessar-fogo. Na terça-feira, dia 11, o Hamas anunciou que está disposto a aceitar um plano de paz da ONU.

Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, que se reuniu com funcionários israelitas em Telavive, na terça-feira, descreveu os comentários do Hamas como um "sinal de esperança".

Apesar dos esforços de mediadores, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, tem vindo a afirmar repetidamente que Israel não se comprometerá a terminar a sua ofensiva em Gaza antes de o Hamas ser eliminado.

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