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À espera do "sim" de Putin, Rússia está "preparada para invadir" a Ucrânia

Diogo Camilo 21 de fevereiro de 2022 às 16:15

Putin decide ainda esta segunda-feira se Rússia reconhece regiões separatistas na Ucrânia como independentes. E repreendeu chefe de inteligência que falou em anexação de territórios da Ucrânia: "Estamos a falar da independência para as regiões".

Depois do pedido das regiões separatistas pró-russos no este da Ucrânia, a reunião do Conselho de Segurança da Rússia ficou marcada pela decisão pelo reconhecimento da independência das auto-proclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk. Os conselheiros mostraram-se a favor daquilo que pode abrir caminho a uma invasão da Rússia à Ucrânia, e Putin anunciará a decisão final ainda esta segunda-feira.

Vladimir Putin Reuters

O primeiro a manifestar-se a favor do reconhecimento das regiões separatistas foi o ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, reconhecendo que o país pode ser forçado a tomar a posição se "a situação não melhorar", o que considera "improvável", citado pelaReuters.

Aquele que é o diretor do conselho de segurança russo disse acreditar que uma maioria dos russos apoiaria uma independência das duas regiões, onde viverão cerca de 800 mil cidadãos do país. Medvedev afirmou ainda a Putin que é "óbvio" que a Ucrânia "não precisa" das regiões separatistas e que a situação na Rússia importa mais aos EUA e à União Europeia do que a Ucrânia.

Admitindo que a Ucrânia não está atualmente preparada para se juntar à NATO, Putin avançou ao Conselho de Segurança ser necessário considerar a alternativa de independência das repúblicas de Luhansk e Donetsk, atualmente governadas pela Ucrânia mas ocupadas por forças separatistas pró-Rússia, considerando que uma ameça ao país aumentaria substancialmente caso a Ucrânia se juntasse à NATO. 

No caso do chefe de Estado russo avançar nesse sentido e aceda ao pedido de separatistas, a decisão pode abrir caminho para Moscovo enviar forças militares a ambas a regiões, sob o pretexto de intervir como aliado contra a Ucrânia.

Segundo o Guardian, dois terços dos 110 batalhões de militares russos encontram-se a 50 quilómetros ou menos da fronteira com a Ucrânia - mais do dobro em relação à semana passada, considerando que as forças da Rússia encontram-se "preparadas para invadir" assim que Putin dê a ordem.


Reconhecer independência sim, anexar regiões separatistas não 

Depois de homens fortes do Kremlin com Medvedev ou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, terem mostrado apoio ao reconhecimento de independência das duas regiões ucranianas, o líder do Serviço de Inteligência Russo (SVR), Sergei Naryshkin, colocou em cima da mesa uma outra hipótese desviada do "guião": que as duas repúblicas seja parte da Rússia ou um estatuto especial para a região de Donbass.

Putin rapidamente descarta as intenções, deixando claro que a discussão se trata apenas das independência destas regiões, e não da sua anexação. "Não estamos falar sobre isso [estatuto especial para Donbass]. Estamos a falar de independência para as regiões", com Naryshkin a responder, após uma pausa, com um "sim".



Na mesma reunião, o responsável da inteligência russa indicou que as acusações de que a Rússia pretende atacar a Ucrânia são propaganda do Ocidente "cozinhada" pelo Departamento do Estado norte-americano, avisando Putin de que estas tinham como objetivo provocar a Ucrânia a tomar ações militares.

Já o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse a Putin que a Ucrânia estava a aumentar o número de forças militares nas regiões separatistas no sudeste do país, preparando-se para "tomá-las à força", algo que Kiev tem vindo a negar ao longo dos dias.

Os EUA avançam que a Rússia tem, neste momento, entre 170 e 190 mil militares na fronteira da Ucrânia, incluíndo rebeldes nas regiões separatistas no este do país.

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