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Mudança de nome e logo, introdução de contas pagas, aumento da desinformação e muito mais aconteceu desde que Musk comprou o Twitter (atual X).
"Deixem assentar", afirmou Elon Musk no dia em que entrou na sede do Twitter. Um ano depois de ter comprado a plataforma, as mudanças foram profundas: despedimentos em massa, dezenas - se não mesmo centenas - de polémicas, uma mudança de logo e até de nome. "Preparem-se para abrir o champanhe porque hoje faz um ano", anuncia a rede social na sua página, mas um ano depois, qual é o legado do multimilionário que comprou o Twitter para proteger a liberdade de expressão (alegadamente)?
REUTERS/Dado Ruvic
As mudanças
A silhueta de um pássaro azul e um nome único eram a imagem de marca da rede social criada por Jack Dorsey em 2006. A rede social ganhou tanta tração que deu mesmo origem a um novo verbo (tweetar), mas nada disso interessou a Elon Musk.
Em julho de 2023, depois de 17 anos de existência, o pássaro azul desapareceu e foi substituído por um "X" e a rede social deixou de se chamar "Twitter" para passar a "X". Pouco antes, Musk tinha revelado a sua intenção de lançar uma marca com este nome e que caracterizou como "a aplicação para tudo" ("the everything app"), uma espécie de WeChat ocidental.
E apesar do marketing e tentativas de convencer os utilizadores a utilizar a nova nomenclatura, poucas pessoas começaram a dizer que publicavam "x" em vez de "tweets" e os meios de comunicação social continuam a escrever "a rede social X (antigo Twitter)".
Outra das grandes alterações promovidas por Musk foi a introdução da modalidade "contas premium". O pagamento de uma mensalidade permite aos utilizadores ter regalias como uma maior visibilidade na plataforma (as suas publicações aparecem com mais destaque).
A conta oficial da rede social refere que nos últimos 12 meses foram lançadas mais de 100 novas funcionalidades, a maioria desenhadas a partir do feedback dos utilizadores reunido por Musk e a sua equipa. E é ainda deixada a promessa de que este é apenas o início do projeto para tornar o X no "site mais fixe e agradável da Internet". Mas nem todos acham que este é o caminho que está a ser seguido.
As polémicas
Uma das primeiras decisões polémicas do Twitter foi a do despedimento dos seus trabalhadores. Cerca de 30% dos funcionários da empresa viram o seu contrato ser terminado unilateralmente. E o resultado tornou-se óbvio em pouco tempo: o funcionamento do site ficou altamente prejudicado, com vários bugs a serem detectados. O então ainda Twitter chamou de volta muitos funcionários que havia despedido.
Um dos maiores moinhos para Musk eram os bots que enchiam a plataforma. O multimilionário investiu muito dinheiro para combater este fenómeno, mas uma análise levada a cabo por um investigador da Universidade de Queensland em setembro deste ano afirmava que o nível de bots estava mais alto do que nunca, durante as primárias republicanas.
O Twitter Blue (os certificados) foi outro dos problemas no arranque da vigência Musk. Inicialmente, todos os vistos foram retirados, de forma a obrigar os proprietários a pagar para serem verificadas. Semanas depois reverteu esta decisão, mantendo o certificado para certas contas.
Outra das alterações introduzidas foi a permissão de contas banidas voltarem a ter autorização para utilizar a plataforma, sendo que Donald Trump, o antigo presidente norte-americano, foi um dos amnistiados (tinha sido banido depois da invasão do Capitólio, em janeiro de 2021).
Elon Musk tem ainda a ideia de tornar no Twitter na maior plataforma de "jornalismo civil" e uma plataforma de combate às fake news, mas um relatório partilhado pela Comissão Europeia indica que a X é a maior fonte de desinformação entre todas as grandes redes sociais. O relatório em questão consistiu em examinar a X, o Facebook, o LinkedIn, o Instagram, o TikTok e YouTube, mais especificamente seis mil publicações e mais de quatro mil contas diferentes provenientes de três países com eleições a acontecer brevemente: Espanha, Polónia e Eslováquia.
De acordo com a análise da Comissão Europeia, a X foi considerada a plataforma com maior rácio de desinformação - não só a nível de publicações, como também de contas dedicadas a espalhar desinformação - superando até o Facebook.
Os confrontos públicos
Ao longo do último ano, Musk apontou a várias personalidades, sendo que dois dos seus alvos tiveram mais atenção mediática. O primeiro foi quando criticou George Soros, o multimilionário húngaro.
Depois de Soros ter vendido as suas ações da Tesla, Musk disse que o empresário tinha como objetivo "destruir a Humanidade". Musk disse que Soros o fazia lembrar de Magneto (um supervilão da Marvel). Um internauta traçou um paralelismo com o facto de George Soros também ser judeu e um sobrevivente do Holocausto, tentando interpretar a mensagem de Musk, mas o presidente da Tesla desmentiu que esse era o paralelismo, dizendo que as personagens eram parecidas por não terem boas intenções. "Ele quer erodir a fundação da civilização. Soros odeia a Humanidade", atacou o dono da Tesla. Só depois deste ataque se soube que Soros tinha vendido as ações.
Jonathan Greenblatt, diretor da Liga Antidifamação (ADL), uma ONG judaica, criticou o comentário de Musk, considerando que aquele "ia encorajar os extremistas". "Soros é muitas vezes apontado pela extrema-direita, usando analogias antissemitas, como a fonte dos problemas do mundo", twittou Greenblat.
Musk disse que Greenblatt o estava a difamar.
Outro confronto público foi o desafio lançado ao dono da Meta, Mark Zuckerberg. Em várias publicações, Musk desafiou o fundador do Facebook para uma luta.
Musk aproveitou também para partilhar alguns detalhes sobre o futuro combate. De acordo com o dono da X, este será organizado através das respetivas fundações de Zuckerberg e Musk, com a transmissão a acontecer em simultâneo no X e nas plataformas da Meta, que incluem o Facebook e o Threads.
Os dois CEOs concordaram num combate dentro da jaula em junho, com a animosidade entre ambos a estar ligada ao lançamento, por parte da Meta, de um rival direto do X (na altura ainda Twitter), o Threads, facto que levou Musk a acusar a empresa de copiar o design da sua plataforma.
As consequências
Musk comprou o Twitter por 44 mil milhões de dólares. Desde aí, a empresa foi retirada da bolsa, ficando os interesses repartidos pelos fundos de investimento que apoiaram o diretor executivo da Tesla.
Uma análise de agosto mostrava que nos primeiros dez meses de gestão de Musk, o valor das ações do Twitter caiu 61,43%, ainda que a empresa já não esteja cotada na bolsa.
E o número de downloads da aplicação caiu 38% entre outubro de 2022 e setembro deste ano, segundo estimativas da Sensor Tower. O número de utilizadores ativos da plataforma sofreu também uma machadada, segundo a Similarweb: menos 14,8% de utilizadores a nível mundial e menos 17,8% nos Estados Unidos.
A queda de utilizadores teve uma repercussão bastante problemática admitida pelo próprio Musk: as receitas de publicidade nos EUA caíram 60%.
Elon Musk tinha definido como sua missão colocar o Twitter a dar lucro, situação que só se tinha verificado uma vez na história da plataforma. Até ao momento não conseguiu reverter o caminho, nem com a introdução de subscrições ou o despedimento de um terço dos trabalhadores da empresa.
Musk chegou a dizer que o X podia vir a dar lucro em junho deste ano, mas tal não aconteceu. A CEO da empresa, Linda Yaccarino, também disse em agosto que a X estava muito perto de atingir uma situação de liquidez, mas voltou a falhar na previsão, adiando essa meta para 2024.
As conquistas
Numa coisa Musk foi bem sucedido: o Twitter está sempre no foco mediático. Seja por bons motivos ou maus (depende da perspetiva de quem comenta), é rara a semana em que não há notícias sobre o X ou sobre o seu proprietário.
Uma das grandes bandeiras de Musk foi a introdução das "notas da comunidade", um mecanismo que permite aos utilizadores deixarem comentários que "complementam" uma publicação que consideram falsa.
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