Negócio está muito perto de ser concluído. A família Balsemão manter-se-á para já no controlo da dona da SIC e do Expresso. O gigante MFE, dominado pela família Berlusconi, entra minoritário, mas deverá reforçar mais tarde para assumir o controlo. Operação não envolverá um perdão da dívida bancária.
A multinacional italiana MediaforEurope (MFE), controlada
pela família Berlusconi, está muito perto de concretizar a entrada no capital da
Impresa, o maior grupo de media em Portugal. A MFE entrará para uma posição minoritária
na dona dos canais SIC e do jornal Expresso, segundo informação recolhida pela
SÁBADO, com a família Balsemão a manter por agora o controlo. O negócio – que é
visto como um primeiro passo no sentido de os italianos virem a controlar a prazo
a Impresa – não inclui um perdão direto (haircut) da dívida bancária.
MediaforEurope entra com posição minoritária na Impresa, mas Balsemão mantém o controloDuarte Roriz e AP
As negociações estão na fase final e é expectável que dentro
de dias se conclua a operação. A entrada de um novo sócio da indústria dos
media e com capacidade financeira – a MFE faturou 2.950 milhões em 2024 e
registou lucros de 138 milhões de euros – será crucial para estabilizar a
situação financeira delicada da Impresa. Contactada pela SÁBADO, fonte oficial
da Impresa repete o que tem indicado durante o período de negociações: “O Grupo
Impresa sempre comunicará ao mercado a existência de informação relevante, nos
termos legalmente previstos. Não há qualquer informação relevante que deva ser
comunicada”.
A família Balsemão detém atualmente 51,81% dos direitos de
voto na Impresa, através da sociedade Impreger e de participações diretas no
capital. A empresa está cotada em bolsa. Não é claro como ficará a estrutura
acionista final da Impresa após o negócio com a MFE, mas a SÁBADO apurou que não
haverá mudança de controlo. A recente morte do fundador, Francisco Pinto
Balsemão, não cria dificuldades na concretização formal do acordo pelos
herdeiros. Francisco Pedro Balsemão, o filho mais novo de Pinto Balsemão,
manter-se-á à partida como administrador executivo. Não são conhecidas, por
enquanto, eventuais mudanças noutros lugares da administração.
A dívida da Impresa, que no final do primeiro semestre deste
ano aumentou para 148 milhões de euros, é a bola de chumbo que pesa nas contas.
A SIC e o Expresso são rentáveis do ponto de vista operacional, mas os juros
pagos para servir a dívida mais do que engolem todo o lucro operacional. Nas negociações
foi sempre claro que não se tocaria no maior credor da Impresa: os investidores
que compraram 48 milhões de euros de obrigações (dívida) da companhia. Isto
deixou a banca – com o BPI à cabeça – como uma frente importante nas negociações.
Em nenhum ponto foi negociado um perdão direto (haircut) de
dívida bancária, como noticiou a SÁBADO há duas semanas – este tipo de
reestruturação mais agressiva não faz parte do figurino final da operação. O
envolvimento da banca será importante para reduzir a pressão nesta frente, com condições
de financiamento (prazos, juros) melhores e a eventual substituição da dívida obrigacionista
(uma hipótese não confirmada pela SÁBADO).
A entrada de um sócio com a robustez financeira da MFE é um
fator de acalmia nas relações com a banca, que este ano apertou as contas
caucionadas da Impresa (que permitem movimentar verbas sem ter saldo
suficiente), pondo uma pressão forte sobre a tesouraria. Apesar da importância
do negócio para a Impresa, e consequentemente para os seus credores bancários, a
MFE não tinha interesse em entrar de forma agressiva junto do setor financeiro,
outro sinal de que a sua presença está pensada para o longo prazo.
A MFE entra com a ambição – noticiada em setembro passado no
jornal italiano Il Messaggero – de vir a controlar. A compra insere-se numa
estratégia de consolidação europeia que o grupo liderado pelo filho do fundador
Silvio Berlusconi, Pier Silvio Berlusconi, tem executado. O objetivo é ganhar
peso negocial no mercado publicitário, contra as audiências cada vez maiores das
empresas norte-americanas de streaming, como a Netflix e o Youtube.
Em setembro passado, a MFE completou o reforço de
capital na alemã ProSieben, para a qual entrou numa posição minoritária em
2019. Esse negócio avaliou a companhia alemã em 1.800 milhões de euros, segundo
a agência Reuters – um valor radicalmente maior do que representará a aposta na
Impresa (cuja capitalização bolsista, para dar uma referência, está em 48
milhões de euros). A MFE tem operações em Itália, em Espanha e a recente compra
da ProSieben na Alemanha deu-lhe uma presença também na Áustria e na Suíça.
Está muito perto de somar Portugal ao seu portfolio.
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